Carlos Barbosa da Cruz, acredita que a decisão do Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) de considerar nula a decisão que impediu Antonio Adán de jogar contra o Benfica em maio, é mais um exemplo que destaca a urgência de uma reforma na justiça desportiva em Portugal.
O Sporting enviou um recurso por e-mail, que, inexplicavelmente, foi parar à pasta de spam do Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Essa falha resultou na exclusão de Adán do dérbi contra o Benfica, após ter sido expulso por duplo amarelo num jogo anterior contra o Marítimo.
No entanto, o antigo membro do Conselho Fiscal e candidato a presidente do Sporting, Carlos Barbosa da Cruz, não espera um pedido de desculpas do CD.
"Não me parece que a atual composição do Conselho de Disciplina seja propícia a apresentar qualquer pedido de desculpas. Acho que não o vai fazer porque noutras circunstâncias em que o devia ter feito também não o fez", começou por dizer o dirigente, em declarações à Bola Branca, programa da Rádio Renascença.
O antigo dirigente acredita que este não é apenas um problema para o Sporting, mas um problema sistémico que afeta todo o futebol português.
"Isto não é um problema do Sporting, é um problema do sistema. É um problema que leva a uma consequência nefasta, que é as pessoas deixam de acreditar na justiça desportiva. Portanto, todo o edifício tem de ser revisto, desde o regulamente disciplinar da Liga até à estrutura dos tribunais e das instâncias que julgam", acrescenta Barbosa da Cruz.
Além do caso Adán, Barbosa da Cruz também aponta para outros exemplos que enfatizam as falhas na justiça desportiva em Portugal, como os incidentes com coletes azuis no Estádio do Dragão em fevereiro de 2022 e o apoio ilícito do Benfica às claques em 2019, que só foi anulado em 2021.
"Quem é que ainda se lembra dos dois jogos de interdição do Estádio do Dragão? Ficaram atirados para as calendas, como os jogos de interdição do Estádio da Luz pelo apoio ilícito do Benfica às claques não legalizadas. Isto é mais um contributo para repensar toda a estrutura da justiça desportiva em Portugal, porque tal como está não serve o futebol", rematou o dirigente leonino.