A Espanha confirmou hoje a supremacia do seu futebol tricotado, ao conquistar pela primeira vez o título mundial com uma vitória tão sofrida quanto merecida sobre a Holanda, graças a um golo de Andrés Iniesta no fim do prolongamento.
Após o ímpeto inicial, a Espanha rapidamente se eclipsou e apenas na fase final da segunda parte reapareceu a vontade de juntar o título mundial ao europeu, conquistado com golos marcados exclusivamente por jogadores da sua equipa-modelo: o FC Barcelona.
Presa por “arames” durante todo o prolongamento, a Holanda, que só tinha vitórias na prova, sucumbiu quando já estava reduzida a 10 jogadores, devido à expulsão de Heitinga aos 109 minutos, cedendo pela terceira vez no jogo decisivo, a segunda após tempo extra.
Após as derrotas nas finais de 1974, para a RFA, e 1978, para a Argentina (após prolongamento), a “laranja mecânica” voltou a ceder, pois as iniciativas dos velocistas holandeses nunca foram suficientes para pôr em causa a superioridade ibérica, hoje, apesar de tudo, menos evidente.
A campeã europeia demorou cinco minutos a pôr o adversário em sentido, quando Sérgio Ramos correspondeu ao livre de Xavi com um poderoso remate de cabeça. Os reflexos do guarda-redes Stekelenburg salvaram a Holanda.
David Villa acertou nas malhas laterais pouco depois, mas a Espanha “desapareceu” ainda antes do quarto de hora e a promessa de bom futebol degenerou num jogo entediante até ao intervalo, à exceção de um invulgar lance, aos 34 minutos.
Os caprichos da Jabulani e a desatenção de Casillas quase provocaram o golo mais insólito da história dos Mundiais, quando uma devolução de Van Persie desde o seu meio campo levou a bola a sobrevoar o guarda-redes. No canto, o avançado holandês foi mais cuidadoso a encaminhar a bola ao guardião espanhol.
A segunda parte começou mais animada, com Robben a obrigar Casillas a defesa apertada e Xavi a responder de livre direto, mas a melhor oportunidade foi desperdiçada aos 62 minutos por Robben, desencantado por Sneijder, que permitiu a defesa involuntária do guarda-redes espanhol.
David Villa desfrutou de idêntica ocasião aos 70, valendo à Holanda a intervenção de Heitinga, depois de Stekelenburg ter ficado por terra, e Sérgio Ramos voltou a aproveitar a liberdade na sequência de um canto para falhar a última oportunidade do tempo regulamentar.
O prolongamento pertenceu por inteiro à Espanha e só durante a primeira parte a equipa ibérica criou três situações de golo, a mais flagrante das quais por intermédio do recém-entrado Fabregas, que, isolado por Iniesta, permitiu a intervenção valorosa de Stekelenburg.
Aos 109 minutos, Heitinga travou em falta Iniesta e recebeu o segundo cartão amarelo, deixando a “laranja mecânica” em posição ainda mais fragilizada, que o próprio médio do Barcelona capitalizou aos 116, com um remate cruzado.