Na emblemática Alfândega do Porto, André Villas-Boas formalizou na noite de quarta feira a sua candidatura à presidência do FC Porto, marcando um momento de ressonância histórica e prometendo uma abordagem renovada para o futuro dos dragões.
"A questão da transparência, é o Apito Dourado que está em causa"
A apresentação, repleta de personalidades emblemáticas do FC Porto, trouxe uma mistura única de nostalgia e esperança para os adeptos azuis e brancos.
A presença de Jorge Costa, último capitão a erguer a taça da Liga dos Campeões pelo FC Porto, e Helton, capitão na última conquista internacional do clube na Liga Europa, conferiu à cerimónia uma aura especial.
Nuno Valente e Maniche, figuras que deixaram uma marca indelével na história azul e branca com as vitórias na Liga dos Campeões e Taça UEFA em 2003, também estiveram presentes na apresentação do antigo técnico portista, reforçando a ligação entre o passado glorioso e a visão de renovação de Villas-Boas.
O evento não se limitou apenas a jogadores icónicos, contando ainda com a participação de Angelino Ferreira, ex-administrador financeiro da SAD do FC Porto, e Cecília Pedroto, viúva do lendário José Maria Pedroto, uma figura incontornável na história do clube.
Contudo, as palavras de André Villas-Boas não passaram despercebidas ao olhar crítico de figuras ligadas aos principais rivais do FC Porto, Sporting e Benfica.
Neste sentido, Paulo Andrade, ex-administrador e dirigente dos leões, interpretou o discurso de Villas-Boas como uma série de "referências indiretas ao Apito Dourado," insinuando um apontar de dedo ao atual presidente Pinto da Costa.
A palavra "gratidão" usada por Villas-Boas foi encarada como uma alusão direta a Pinto da Costa, destacando a necessidade de mudança e abordando questões de transparência no clube, reminiscentes do conturbado período do Apito Dourado.
"O discurso dele é todo a apontar para Pinto da Costa, nitidamente. Gratidão dos portistas é Pinto da Costa", começou por observar o sócio sportinguista, em declarações na CMTV, reproduzidas pelo jornal 'Bancada.pt'.
"Não é por acaso que ele depois fala do tempo da mudança e sublinha uma quantidade de situações que ele condena", acrescenta Paulo Andrade.
"Ele indiretamente fala no Apito Dourado, a questão da transparência, é o Apito Dourado que está em causa. É o Apito Dourado que está em causa"
Para o antigo administrador sportinguista, o Apito Dourado é a grande 'mancha do mandato de Pinto da Costa' e André Villas-Boas teria que 'indiretamente falar do assunto'.
De resto, Andrade viu o antigo técnico a falar da saída de jogadores 'a custo zero', mas também da criação da 'academia' do FC Porto na região nortenha.
"Fala dos 500 milhões do passivo, da quantidade de valor que se fez e que não teve contrapartidas em termos financeiros", frisa Paulo Andrade.
No entanto, Paulo Andrade ressalvou que os sócios do FC Porto estão cientes das diferenças de qualidade na equipa principal em comparação com épocas passadas.
"Os sócios são os primeiros a ter consciência que a equipa não tem a qualidade de equipas do passado", referiu.
O comentador questionou ainda como o desempenho da equipa principal nas competições nos próximos meses impactará as eleições, sugerindo que este fator pode ser decisivo no resultado final.
"O que vai acontecer daqui a três meses? Como é que ela estará no campeonato? Eu continuo a achar que isso vai ser muito determinante no resultado das eleições", rematou Paulo Andrade.