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Luís André de Pina Cabral e Villas-Boas nasceu na terra onde o Douro canta fados e as festas se fazem nos Aliados. Desde cedo que André Villas-Boas se deixou cativar pelas cores e pelos confetis azuis e brancos.
Os carros e os desportos motorizados também prenderam o seu olhar quase desde o berço, por influência do pai, mas o símbolo do dragão nunca mais saiu desde que nele entrou ainda jovem para este descendente de famílias britânicas e que “fica picado quando se fala do Benfica”.
Disso mesmo deu conta, em tempos, um dos seus melhores amigos. “Fica picado quando se fala do Benfica ou quando se faz um reparo ao seu visual”, contou Bernardo Flores, em declarações ao Diário de Notícias, onde falou do portuense que quer ocupar a cadeira de presidente do FC Porto.
André Villas-Boas é alguém cuja história no futebol está muito marcada pelo azul e branca. Foi pelo emblema do FC Porto e pelo portismo que, ainda adolescente, questionou Sir Bobby Robson pela pouca utilização de Domingos Paciência na formação do Estádio das Antas.
A ousadia de André cativaram Bobby Robson que o colocou dentro da estrutura portista, trabalhando na área das estatísticas.
Foi também ainda jovem que André conheceu José Mourinho, que também era colaborador do FC Porto e trabalhava de perto com Bobby Robson.
Assim, por influência e indicação de ambos tirou o curso de treinador em território britânico, mantendo-se no futebol como observador.
André Villas-Boas foi sempre os olhos e os ouvidos do FC Porto em campos adversários, ajudando com o seu detalhe na análise ao adversário.
Mas o portuense sonhou sempre mais e quis ser treinador. Por isso, deixou de estar na sombra de José Mourinho como adjunto e com quem trabalhou não apenas no FC Porto mas também em outros clubes.
Em Coimbra, André Villas-Boas entrou ‘caloiro’ e fez-se ‘doutor’ no treino. E os resultados foram de tal modo significativos nos ‘capa negra’ que Pinto da Costa lhe abriu as portas do ‘seu’ FC Porto.
Em 2011, André Villas-Boas sentava-se naquela que apelidou de “cadeira de sonho”. A expressão ficou para sempre a ecoar na eternidade. Deu direito a programas no universo azul e branco e ainda hoje é rapidamente associada a André Villas-Boas seja para o elogiar, seja para o criticar.
É que um ano depois de ser oficializado como treinador do FC Porto saiu para o Chelsea.
Para trás, André Villas-Boas deixava não apenas os cofres portistas com muitos milhões de euros mas também um legado importante. O treinador levou o FC Porto a vencer tudo que era possível.
Foi campeão e festejou com o plantel em pleno Estádio da Luz com as luzes apagadas e o sistema de rega ligado no reduto encarnado.
Venceu a Taça de Portugal diante do Vitória de Guimarães com goleada no Jamor, e a Supertaça Cândido de Oliveira, em Aveiro, diante de um Benfica, de Jorge Jesus, que se apresentava como favorito.
A somar a isso, ainda venceu a Liga Europa, em Dublin, frente ao SC Braga, que era treinado curiosamente por Domingos Paciência, o homem pelo qual saiu em defesa, ainda menino, quando confrontou Bobby Robson.
Depois de treinar o FC Porto, Roman Abramovich entregou-lhe o Chelsea. Mas a estadia nos ‘blues’ foi curta. Ainda assim, manteve-se no futebol inglês e treinou mais tarde o Tottenham durante época e meia, antes de se mudar para a Rússia.
Num tempo em que os oligarcas russos ‘despejavam’ dinheiro em futebóis, André Villas-Boas assumiu o Zenit durante várias épocas, conquistando vários títulos para o clube de São Petersburgo.
Depois, seguiu-se a Liga chinesa antes de fazer uma pausa e se entregar a outra das suas paixões: o desporto automóvel.
André Villas-Boas foi figura de corridas solidárias e entrou nas pistas mais reputadas do automobilismo.
Mas o futebol esteve sempre como plano de ‘escape’ e voltou a assumir um clube. Em 2017, assinou contrato como o Marselha e em França esteve algumas épocas até se retirar da carreira de treinador para se preparar para ser dirigente.
Formado no colégio do Rosário, um dos mais emblemáticos da região nortenha, André Villas-Boas diz-se preparado para render “o presidente dos presidentes” e há quem acredite que Pinto da Costa corre o risco de perder uma eleição no FC Porto, algo que era "inimaginável".
'Veste azul e branco' desde o dia em que nasceu e quando o FC Porto entra em campo sente que está 'no paraíso' com 'cores vivas' que 'cativam e prendem o olhar'.
Avança para a corrida eleitoral sem recuar porque, como diz tantas vezes, é "firme o passo" e sem precisar "do dinheiro do clube".
“O André não precisa do dinheiro do clube, nem de usar o FC Porto. Não entrará nas guerras norte-sul. Será um presidente muito diferente”, assegurou o amigo Luís Themudo, ao Diário de Notícias.
Apresentou-se como candidato à presidência num contexto em que tem proteção policial depois de a sua residência ter sido vandalizada.
A Alfândega do Porto acolheu muitos apoiantes entre figuras que muito carregam da história do portismo como Jorge Costa, último capitão campeão da Europa no FC Porto, ou a família de José Maria Pedroto, o 'mestre' que inspira a causa azul e branca.
O discurso e a forma como se apresentou aos portistas têm valido muitos elogios e há até quem ache que a política tem coisas a aprender com Villas-Boas.
"Aprendam! Aprendam a comunicar, a ir direto ao assunto, a chamar a emoção e razão ao mesmo tempo. Aprendam a falar claro e sem rodeios. Por mim, Villas-Boas devia deixar-se disso dos futebóis e candidatar-se a primeiro-ministro já", indicou Duarte Mexia num artigo de opinião ao Dinheiro Vivo.
Os sócios do FC Porto terão a palavra final. Mas o que é certo que André Villas-Boas estará para sempre ligado ao histórico do FC Porto, aconteça o que acontecer.
