O futebol português está mergulhado numa onda de tumulto e apreensão com os desenvolvimentos recentes no FC Porto, um dos clubes mais emblemáticos de Portugal.
"De facto, é difícil deixar passar em claro aquilo que assistimos"
O líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, foi detido no âmbito da Operação Pretoriano, uma situação que não só abalou o seio do clube azul e branco como também colocou em destaque questões relativas à sua liderança da principal claque afeta ao FC Porto.
A Operação Pretoriano, desencadeada pelas autoridades, lançou luz sobre a figura proeminente de Fernando Madureira, conhecido pelo fervor e paixão com que lidera os Super Dragões, a claque que há muito tempo é uma peça fundamental na atmosfera envolvente dos jogos do FC Porto.
A operação em curso não se limita apenas à detenção de Fernando Madureira. A sua esposa, Sandra Madureira, também foi detida, embora posteriormente libertada sob medidas de coação.
No entanto, a entrada de Sandra Madureira no Tribunal de Instrução Criminal, no Porto, tem suscitado controvérsia na imprensa nacional, muito por culpa do dispositivo policial que a acompanhou.
No momento em que a mulher de Madureira chegava ao tribunal, um cordão de segurança extremamente robusto foi montado, impedindo jornalistas de se aproximarem.
Esta situação peculiar gerou críticas e perplexidade, especialmente quando comparada com a segurança normalmente atribuída a figuras públicas.
Manuel Rodrigues, antigo inspetor-chefe da Polícia Judiciária, expressou recentemente a sua surpresa perante o que testemunhou na entrada do Tribunal do Porto.
O antigo inspetor destacou o atraso na chegada de Sandra Madureira à diligência, programada para as 16h00, mas que apenas se concretizou por volta das 17h00.
"De facto, é difícil deixar passar em claro aquilo que assistimos", começou por observar Manuel Rodrigues, em declarações na CMTV, citado pelo jornal 'Bancada.pt'.
"Porque a diligência estava marcada para as 16h00 e a senhora acaba por chegar em cima das 17h00 e assistimos a um cordão de segurança que parece... eu creio que nunca a primeira-dama do país teve um cordão de segurança deste calibre", observou o ex-inspetor-chefe da PJ.
Rodrigues questionou o motivo de um cordão de segurança tão intenso para proteger alguém que, alegadamente, teria impedido a captura de imagens de agressões praticadas pelos Super Dragões em Assembleias Gerais.
"Oito a dez elementos da PSP. Mas porquê? A senhora corria risco de vida? Os jornalistas iam atacá-la? Iam atirar-lhe com alguma câmara? Isto não faz o mínimo sentido", destacou.
"A PSP fez a proteção a uma pessoa que, alegadamente, impedia nas Assembleias Gerais que fossem tiradas imagens das agressões que os Super Dragões ou elementos afetos aos Super Dragões praticavam sobre outras pessoas", acrescentou Manuel Rodrigues.
O ex-inspetor-chefe da PJ sublinhou ainda a falta de sentido na proteção excessiva concedida a Sandra Madureira, questionando se havia um real risco para a sua integridade ou se os jornalistas representavam uma ameaça.
"Está tudo doido, no mínimo. Isto não faz um mínimo sentido. Nós vimos jornalistas a serem agredidos, até à pedrada logo no primeiro dia. Foi assim que isto começou", contou o antigo inspetor da PJ.
"Uma arguida que se recusa a falar durante todo o tempo do interrogatório, que perante uma diligência chega com um atraso quase de uma hora, vem os advogados esperá-la à porta e tem um cordão de segurança que a acompanha até à entrada da porta? A mim, parece-me extremamente excessivo e não há justificação possível para uma situação destas, mas pronto", rematou.