"A partir de agora acabou a Playstation até às 4 da manhã. Não as tragam mais"

"Há jogadores que pensam que Spalletti ladra, mas não morde. Estão errados"

Conhecido pelo seu sucesso no Nápoles, onde conduziu a equipa ao título da Serie A na última temporada, Spalletti trouxe consigo uma mentalidade disciplinada e uma abordagem ambiciosa para moldar a próxima fase do futebol italiano.

Numa recente entrevista à 'Gazzetta dello Sport', Luciano Spalletti deixou claro que a disciplina é a palavra de ordem sob o seu comando.

Proibindo o uso da Playstation e restringindo o uso de telemóveis durante os estágios, o treinador italiano enfatiza a concentração e o compromisso total.

"Há jogadores que pensam que Spalletti ladra, mas não morde. Estão errados e agora há coisas que devem ser esclarecidas. A partir de agora, podem deixar a Playstation em casa. Não as tragam mais", começou por dizer o experiente treinador, citado pelo jornal 'Record'.

"Eu invento um pequeno jogo para eles pensarem e para os distrair à noite. Que venham ter comigo e eu dou-lhes trabalhos de casa para fazerem à noite, se os do dia não tiverem sido suficientes. Porque na seleção nacional não se perde a bola, concentram-se, não se brinca", acrescentou.

"Tenho de aturar o uso dos telemóveis, mas não podem estar na mesa de massagens e durante o tratamento", observou Spalletti.

"Vamos à Alemanha para ganhar, não para participar"

Spalletti expressou o desejo de reviver tradições passadas, contando com a colaboração do lendário guarda-redes Gianluigi Buffon. O treinador pretende reintroduzir encontros e estágios à moda antiga, promovendo hábitos simples e saudáveis.

"Mencionei os videojogos porque havia coisas de que não gostava. Quero reavivar os encontros e estágios de outrora: velhos hábitos e ambientes. Coisas simples e saudáveis. E Buffon ajudar-me-á nisso", revelou o selecionador italiano.

Spalletti não poupou críticas à cultura moderna, apontando o dedo à preferência por jogar Playstation até altas horas em vez de se dedicar ao trabalho árduo.

O treinador acredita que os valores que os jogadores transmitem devem ser de dedicação, responsabilidade e ambição de vencer.

"Se a modernidade é jogar Playstation até às 4 da manhã quando há um jogo no dia seguinte, então essa modernidade não é boa e acabou comigo. Vivemos num Mundo que tem pouco incentivo para trabalhar duro, para suar pelas coisas. Os jovens de hoje preferem colocar uma foto no Instagram com o cabelo arranjado do que baixar a cabeça e pedalar", apontou.

"Os italianos exigem uma seleção nacional que seja dura e responsável, sólida e arrogante. Eles vêm para a seleção para ganhar o Europeu e não para jogar Call of Duty", explicou ainda.

Spalletti não esconde também as suas ambições, declarando que deseja criar uma seleção forte e vencer tanto o Euro'2024 como o Mundial.

Com uma mentalidade focada na vitória, o treinador enfatiza que os discursos à equipa visam incutir a convicção de que são capazes de alcançar o sucesso.

"Tenho de criar uma seleção forte, não me contento com nada. Quero ganhar o Europeu e depois quero ganhar o Mundial. Depois também podemos sair imediatamente, mas os discursos que faço à equipa são os que todos os italianos esperam: vamos à Alemanha para ganhar, não para participar", frisou.

"A nossa história assim o exige. Para isso, preciso que os jogadores se tornem melhores do que são. Não tenho tempo para os treinar: preciso de algo que entre dentro deles e lhes acenda um fogo, que os faça abrir os olhos, que lhes dê a convicção de que são capazes", rematou o técnico.

Com Spalletti no leme, a squadra azzurra enfrenta uma nova era de disciplina, compromisso e ambição. Os jogadores são desafiados a abraçar uma mentalidade que preza o trabalho árduo e a dedicação para alcançar a grandeza no Euro'2024 e além.