"Intervenções do Guardiola são geniais, mas um adjetivo diferente quando Schmidt faz o mesmo"

"Isso é que me parece incongruente", sustenta antigo diretor geral do Sporting.

As críticas à liderança do treinador alemão, que já eram audíveis antes dos resultados negativos recentes, ganharam agora um tom mais estridente, com dúvidas a emergirem sobre a eficácia do seu estilo de jogo ofensivo.

O desempenho aquém das expectativas dos encarnado tem sido evidente na atual temporada, marcada por mudanças na abordagem tática e adaptações de jogadores a diferentes posições.

A estratégia de Roger Schmidt, elogiada pela sua audácia e dinamismo na última época, enfrenta agora um escrutínio mais aprofundado.

Jogadores como João Neves e Aursnes, que desempenharam papéis cruciais na conquista do título de campeão na época transata, têm sido submetidos a diferentes posições, levantando questões sobre a consistência e eficácia dessas adaptações.

"Há jogadores que, pelo seu estatuto, não são de fácil decisão dizer ‘hoje estás fora’"

A análise das escolhas de Schmidt traz à tona uma questão relevante levantada por Carlos Freitas, antigo diretor geral do Sporting e de outros clubes europeus, que destacou recentemente a disparidade na perceção das adaptações táticas de treinadores.

Enquanto Guardiola é muitas vezes elogiado por escolhas táticas semelhantes, Schmidt enfrenta um escrutínio mais severo por parte da imprensa nacional.

Freitas, em declarações no Canal 11, argumenta que é necessário analisar as decisões de forma holística, evitando inconsistências na avaliação dos treinadores.

"Eu oiço, vejo e leio intervenções do Guardiola, com jogadores diferentes mas com o mesmo processo de jogo para jogo que são adjetivados como momentos geniais de alguém que vê muito à frente dos outros, e com um adjetivo completamente diferente quando o Schmidt faz exatamente o mesmo", começou por dizer o ex-dirigente dos leões.

"Isso é que me parece incongruente", acrescentou Freitas, citado pelo jornal 'Bancada.pt'.

A complexidade da tarefa de Roger Schmidt é evidente, especialmente quando se lida com jogadores de estatuto consolidado e grande influência no clube lisboeta.

A relutância de Schmidt em tomar decisões assertivas sobre a titularidade ou posicionamento de certos jogadores pode estar a contribuir, na opinião de Freitas, para as dificuldades da equipa encarnada nesta temporada.

"Há jogadores que pelo seu estatuto, pelo seu passado, pelo seu peso interno, não são de fácil decisão dizer ‘hoje estás fora’. Isso vai ter um peso grande em tudo que anda à volta", apontou o antigo dirigente do Sporting.

Carlos Freitas apontou ainda que o técnico germânico, que está a gerar cada vez menos consenso entre os adeptos e figuras outrora ligadas ao Benfica, só escapará às críticas dos adeptos benfiquistas se conseguir vitórias expressivas em todos os jogos.

"Ele só tem uma saída boa em cada jogo que é ganhar por 4-0, porque se ganhar por 2-1 corre o risco de ser contestado", rematou Carlos Freitas.

A pressão parece ser uma constante, e mesmo vitórias por margens mais reduzidas podem não ser suficientes para acalmar os ânimos dos aficionados do emblema lisboeta.

A recente derrota por 5-0 frente ao FC Porto exacerbou a pressão sobre Roger Schmidt. O Benfica, que chegou ao clássico com a possibilidade de deixar o FC Porto praticamente fora da corrida pelo título, saiu do Dragão sem a liderança do campeonato, resgatada pelo Sporting.

Agora, com seis pontos de vantagem sobre os dragões, a derrota da turma de Roger Schmidt resultou numa aproximação perigosa dos pupilos de Sérgio Conceição no topo da tabela classificativa da I Liga.