O presidente do Boavista afirma que “dá alento” quando “a justiça comum derruba uma decisão da justiça desportiva”, mas o caso do processo-crime decidido terça feira tinha sido arquivado pela Liga de futebol.
Álvaro Braga Júnior disse à agência Lusa que “a SAD do Boavista tem algum alento” com a decisão dos Juízos Criminais do Porto de absolver os ex-presidentes do clube Valentim Loureiro e João Loureiro no processo do “Apito Dourado” relativo ao jogo Boavista-Estrela da Amadora, disputado em 3 de abril de 2004.
Neste processo por corrupção desportiva, a juíza Maria Cristina Brás absolveu ainda o árbitro Jacinto Paixão, o observador José Alves e o responsável pela arbitragem Pinto Correia.
“Sempre que a justiça comum derruba uma decisão da justiça desportiva dá alento e acreditamos que o processo que temos no Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa (TAFL) nos vai ser favorável. Juridicamente tenho muitas dúvidas, mas do ponto de vista emotivo é sempre bom”, referiu Álvaro Braga Júnior.
Uma fonte ligada ao processo desportivo contactada pela Lusa recordou, no entanto, que o processo-crime decidido na terça feira não está relacionado com os casos do “Apito Final” que, em maio de 2008, ditaram a despromoção do Boavista à Liga de Honra, por coação sobre árbitros.
“Ao contrário do que tem sido dado a entender nos últimos dias, a sentença criminal relativa ao jogo Boavista-Estrela da Amadora, da época desportiva 2003/04, não decidiu em sentido oposto à Comissão Disciplinar (CD) da Liga”, defendeu.
A mesma fonte frisou que o processo de inquérito relativo a esse jogo “foi arquivado”, pelo que o Boavista-Estrela da Amadora “não foi um dos três jogos que levaram à condenação do Boavista e à sua descida de divisão por coação de árbitros, depois confirmada pelo Conselho de Justiça (CJ)” da Federação Portuguesa de Futebol.
O Boavista - campeão nacional em 2001 e em 2009 despromovido para a II Divisão devido às dificuldades financeiras – recorreu para o TAFL daquela decisão do CJ, por considerar “ilegal” a reunião de 4 de julho de 2008, concluída sem a presença do presidente do órgão, Gonçalves Pereira, e do vice-presidente Costa Amorim.
Em 2008, o clube portuense foi punido pela CD da Liga por coação sobre os árbitros dos jogos Boavista-Académica (Paulo Januário), Benfica-Boavista (Elmano Santos) e Belenenses-Boavista (Bruno Paixão), da época 2003/04.
O caso do Boavista-Estrela da Amadora foi um dos cinco relativos a jogos dos “axadrezados” que a CD da Liga arquivou no âmbito de dois processos de inquérito, por alegado tráfico de influências de Valentim e João Loureiro na nomeação e classificação dos árbitros de encontros do clube.
A decisão de arquivar resultou da falta de indícios suficientes ou do facto de aqueles comportamentos não serem desportivamente punidos na época.