José Mourinho continua a ser uma figura central nas discussões do futebol mundial, especialmente após ser visto nos camarotes do Estádio da Luz em jogos recentes do Benfica.
"Infelizmente, tive outras situações em que tive de ser muito mais do que treinador", recordou o técnico português.
A ausência do treinador português dos grandes palcos desde a sua saída da Roma tem levantado especulações sobre o seu próximo destino, especialmente num momento em que Roger Schmidt enfrenta uma crescente contestação da massa associativa encarnada.
A presença assídua de Mourinho em jogos desde o Campeonato de Portugal até à Primeira Liga tem sido notada, mas é o seu interesse nos jogos do Benfica que tem aguçado a curiosidade dos adeptos benfiquistas, que clamam por mudanças no comando técnico das águias, e analistas desportivos.
Contudo, a possibilidade de Mourinho regressar à casa onde iniciou a sua carreira como treinador principal parece um enredo complexo e desafiante para Rui Costa, presidente do Benfica, muito por culpa das exigências desportivas e estruturais traçadas pelo experiente técnico português.
Numa recente entrevista ao jornal britânico 'The Telegraph', José Mourinho abordou alguns dos desafios enfrentados durante a sua passagem pela Roma, o seu último clube, destacando a importância de se focar no papel principal de treinador.
"Infelizmente, tive outras situações em que tive de ser muito mais do que treinador. Quando se é muito mais do que isso, não se é tão bom treinador quanto possível. O clube coloca-nos numa posição em que eu não quero estar", começou por dizer Mourinho.
Para o 'special one', moldar uma equipa e desenvolver os jogadores é o cerne do seu trabalho ideal, deixando claro que prefere evitar responsabilidades que ultrapassem as funções de treinador.
"A descrição do meu trabalho de sonho é ser 'treinador principal'. É esse o meu sonho. Ser o treinador. Ser a pessoa que trabalha com a equipa, que se concentra na formação dos jogadores, que prepara os jogos", observou Mourinho.
Mourinho salientou que o seu objetivo é transformar clubes em organizações vencedoras, mas que isso só é possível quando o foco principal está na gestão desportiva e técnica, e não em questões extradesportivas.
"Não é que eu tenha medo de empregos em clubes que não sejam 'feitos para ganhar'. A minha função é tentar transformar os clubes em clubes 'feitos para ganhar', ou para atingir alguns objetivos", assumiu o técnico luso.
O treinador português frisou ainda a necessidade de ter uma estrutura profissional que lhe permita concentrar-se exclusivamente na sua função como treinador principal, destacando que é nesse papel que se sente mais capaz e eficiente.
"Se as pessoas temem alguma coisa em relação a Mourinho, não temam. Deem-me uma estrutura profissional em que eu seja apenas o treinador principal, porque é nisso que sou bom", reconheceu.
"As pessoas dizem que sou bom a comunicar. Muitas e muitas vezes dizemos as coisas erradas. Sobretudo quando se comunica três ou quatro vezes por semana. A estrutura de um clube empurra-me na direção errada quando me pede isso", rematou José Mourinho.