O recente embate entre FC Porto e Sporting, referente à 31ª jornada da I Liga, foi um duelo marcante que terminou com um empate a duas bolas, deixando adeptos e analistas com muito para discutir.
"Amorim não está eufórico, porque tem os pés assentes no chão e a realidade é que o Sporting ainda não é campeão", observou antigo defesa dos leões.
Os Dragões entraram em campo com a missão de presentear André Villas-Boas, recém-eleito presidente do clube, com uma vitória simbólica, e até estiveram em boas condições de a conseguir.
A equipa comandada por Sérgio Conceição mostrou toda a sua resiliência e espírito de sacrifício e brindaram os adeptos presentes no Estádio do Dragão com uma exibição personalizada, tendo estado em vantagem no marcador até bem perto do final do encontro.
Contudo, Viktor Gyokeres, o suspeito do costume, saltou do banco e, em apenas um minuto, bisou e repôs a igualdade no marcador, tendo acabado o empate por prevalecer até ao final.
O destaque da partida foi naturalmente o avançado sueco, cujos dois golos em apenas um minuto chamaram a atenção não apenas pela habilidade, mas também pela raridade do feito.
Neste sentido, Francisco Barão, antigo defesa dos leões, em entrevista ao jornal 'A Bola', relembrou o momento em que Manuel Fernandes, nome histórico do Sporting e que está a passar por um momento difícil, bisou num espaço de um minuto diante do Farense, feito que remonta à época 1977/1978.
"O Sporting entrou em campo com uma grande homenagem, totalmente merecida, ao Manuel Fernandes e nada melhor que o grande avançado que o Sporting tem igualar esse feito que o Manel tinha realizado há muitos anos", começou por analisar o ex-jogador dos leões.
"Voltar a ser realizado contra uma equipa também daquela região é o recordar de tempos antigos e a satisfação de ver o Sporting cada vez mais perto do título", acrescentou Barão.
O antigo defesa português enfatizou ainda as características distintas de Manuel Fernandes e Gyokeres, mas salientou as semelhanças no segundo golo do avançado sueco, sugerindo uma possível intervenção divina nas coincidências do futebol.
"O Manuel Fernandes era mais fino e às vezes até dizíamos que era cínico, porque aparecia e desaparecia para depois aparecer novamente sem os defesas verem. Ainda assim, o segundo golo tem muito de semelhante com o que o Manel fazia: deslocar-se dentro da área nas costas dos defesas para encostar para a baliza", observou.
"Se calhar não são coincidências, ele [Deus] está lá em cima e muitas vezes não se esquece de nós", instou.
Quanto ao futuro de Gyokeres, Barão expressou a sua crença de que o avançado sueco pode aspirar a herdar o estatuto lendário de Manuel Fernandes, apesar das diferenças de contexto entre as épocas.
"Se ficar mais alguns anos isso vai acontecer, pela forma dele trabalhar. Pelo que tem feito esta temporada, já começa a ser uma lenda", apontou Barão.
Além disso, Barão também analisou o papel de Rúben Amorim no sucesso do Sporting, destacando-o como a grande figura na corrida ao título.
"A grande figura do título será Rúben Amorim, que tem levado o Sporting às costas. A direção deixou o futebol para o Rúben e foi a melhor coisa que fizeram", destacou.
"Nota-se que ele não está eufórico, porque tem os pés assentes no chão e a realidade é que o Sporting ainda não é campeão", elogiou Barão.
A sua abordagem pragmática e focada nos objetivos tem sido fundamental para a equipa leonina, e Barão expressou o desejo de que Amorim permaneça no clube, apesar das inevitáveis tentativas de recrutamento por parte de outras equipas.
"Gostava muito que o Rúben Amorim continuasse e recordo alguns jogadores do Sporting, Benfica ou FC Porto, que diziam que estavam nestes clubes à espera que um grande os visse... Não gosto nada dessa frase, porque a grandeza está a relacionar-se com o dinheiro que se paga", explicou.
"Na perspetiva financeira, Rúben vai ter convites que lhe dão mais segurança, mas por objetivos e títulos, mais um ano ou dois no Sporting era muito bom", rematou Francisco Barão.