"Desde 2000 apenas Mourinho conseguiu triunfar em Itália. Isso quer dizer alguma coisa"

Embora tenha renovado o seu contrato com os dragões dois dias antes das eleições presidenciais no clube, o fato de Villas-Boas ter derrotado Pinto da Costa, presidente com quem o técnico portista firmou o novo contrato, poderá significar um adeus de Sérgio Conceição ao Dragão.

Inicialmente, tanto Sérgio Conceição quanto Pinto da Costa expressaram cautela em relação a renovações contratuais durante períodos eleitorais.

Contudo, a renovação do treinador portista foi interpretada por muitos como um apoio velado à candidatura de Pinto da Costa, mas agora com a surpreendente derrota deste último, o cenário para Conceição no FC Porto poderá mudar drasticamente.

À margem das questões politicas do clube e da renovação do seu contrato, a incerteza sobre o futuro de Conceição ao leme dos dragões intensificou-se nos últimos dias com o interesse manifestado pelo AC Milan nos seus serviços.

Face a este interesse do Milan no técnico português, Fabio Capello, ex-treinador do clube italiano, expressou reservas quanto à contratação de treinadores estrangeiros, frisando que os treinadores italianos vencedores estão a ser pouco procurados.

"Os treinadores italianos vencedores são pouco procurados. Hoje-em-dia fala-se muito de estrangeiros e de jovens técnicos em ascensão, como De Rossi, Gilardino ou Palladino", começou por dizer o experiente treinador italiano, em declarações à 'Gazzetta dello Sport'.

Capello enfatizou a importância da coragem e da visão dos dirigentes na escolha do próximo treinador, referindo-se à história de sucesso do Milan com treinadores como Sacchi, Capello e Ancelotti.

"A ideia dos dirigentes é provavelmente ir à procura de algo novo, diferente, mas também barato. Produtos em segunda mão são menos populares", explicou Capello.

Capello sublinhou ainda a falta de sucesso de treinadores estrangeiros na Série A italiana desde José Mourinho, treinador português que liderou o Inter Milão de 2008 a 2010, tendo conquistado, inclusive, uma Liga dos Campeões com emblema italiano.

"Quem é que veio de fora para triunfar em Itália? Liedholm, Boskov e Eriksson são alguns exemplos, mas com muitos anos", recordou.

"Desde 2000 apenas Mourinho conseguiu e isso tem de querer dizer alguma coisa. Olhamos à nossa volta e vemos o Thiago Motta (Bolonha) em casa, preparado para as grandes equipas", observou Capello.

Quanto ao Milan, confirmada a saída de Stefano Pioli ao final da época, Capello sublinhou que a escolha do próximo treinador depende da visão e do estilo de jogo desejado pelo clube.

O antigo selecionador italiano fez referência à importância da experiência aliada à coragem na condução de um projeto técnico bem-sucedido

"Depende do que o clube quer, da ideia que tem e do tipo de futebol que quer ver em campo. Falámos de experiência, mas também é preciso coragem. Se o Berlusconi não a tivesse, o Milan de Sacchi, Capello ou de Ancelotti podia nunca ter existido", rematou Capello.