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FC Porto-Sporting: Maçã verde é diferente de maçã podre

Mais do que os “rebentamentos” de Frederico Varandas ou mais do que a presença de Pinto da Costa no Jamor, houve um fator extra (ou dois) que condicionaram todo o contexto da final da Taça: as lesões de Adán e de Franco Israel, que obrigaram o Sporting a atuar com o seu terceiro guarda-redes Diogo Pinto.

FC Porto-Sporting: Maçã verde é diferente de maçã podre
Depositphotos

Num pacote com possível manto de nervos incluído. Que se veio a confirmar. Podia fazer-se o discurso pedagógico e dizer-se que Diogo Pinto somou uma série de excelentes intervenções, que lhe auguram um futuro promissor. Mas, se calhar, não é por aí. O jovem guardião teve culpas no desfecho final, ao calcular de forma errada o tempo de saída e ao derrubar Evanilson na grande área.

Tal como tinha acontecido no primeiro lance da partida, quando também leu a saída da baliza de forma errada. Se o discurso pedagógico pode ser contraproducente e uma forma de se tapar o sol com a peneira, talvez a melhor forma de se lidar com o assunto seja aprender com o erro: acontece e melhores dias virão. E, valha a verdade, até que são naturais dentro de um espectro de guarda-redes de 18 anos que não devia estar na baliza do Sporting naquele dia. Não era para Diogo Pinto. Ou ainda não era para Diogo Pinto.

"Leões têm algo de superlativo no seu ADN"

Acima de tudo, foi uma final entre duas equipas que se conhecem bem, e a exponenciação dos seus atributos e fraquezas. Com algumas nuances interessantes, como aconteceu com Pepê, que caía em Gonçalo Inácio quando a bola por ali pontificava, e desaparecia para bloquear linhas de passe no miolo sempre que havia essa oportunidade. Mas os leões têm algo de superlativo no seu ADN: o aproveitamento dos detalhes do jogo.

Ao máximo. E o golo de St. Juste foi o corolário disso mesmo: movimentação dos jogadores leoninos para o primeiro poste, com o intuito de deixar Otávio e St. Juste em situação de confronto direto. Que deu golo.
Estudado ao milímetro.

Aliás, o Sporting foi sempre muito perigoso nas bolas paradas, fruto desse estudo minucioso que não estava (ou estava e não conseguiu ser contrariado) nos planos dos dragões. Por outro lado, o FC Porto procurava bloquear a linha defensiva leonina, responsável pela alimentação do miolo. Por aí tudo bem, mas pelos flancos a coisa estava mais complicada. Sobretudo através das subidas de Nuno Santos, que estavam a provocar alvoroço no último reduto portista que tinha também várias preocupações a montante: a presença de Gyokeres na área; e também as entradas/derivações de Paulinho no último terço, bem como as permanentes construções em diagonal de Trincão.

Para o FC Porto, houve um fator do jogo que pesou. E muito. As bolas em profundidade, metidas nas costas da defesa leonina, aproveitando-se quer esse pequeno ponto fraco do leão quer também a falta de rotina de Diogo Pinto para contrariar esse aspeto em específico.

Por aí residiu a chave do jogo, isto num cenário de superioridade numérica dos dragões que, ao fim ao cabo, acabou por ser residual.

Contra onze ou contra dez, o FC Porto tem imensas dificuldades em contrariar/penetrar defesas constituídas por blocos muito baixos, sobretudo porque aos dragões falta aquele jogador entrelinhas capaz de se inserir dentro do bloco contrário e desbloquear a parede com facilidade. Daí a entrada em jogo de Taremi.

Daí, também na segunda metade, a procura pelo tiro exterior, logicamente também pelo êxito em si mas sobretudo pelo aspeto estratégico de retirar alguém do bloco leonino para contrariar essa mais longínqua linha de tiro.

Na realidade, o golo chegou na altura certa e serenou uma equipa do FC Porto que, nesta temporada, revelou alguns problemas de ansiedade.

O Sporting resguardou-se na retaguarda em busca do empate e a entrada de Paulinho – muito inteligente na exploração de espaços – foi causando alguns problemas, isto para além de centrais muito hábeis no que à exploração do jogo aéreo diz respeito.

"Para o FC Porto a Taça representa a plataforma de estabilidade"

Se o discurso de Sérgio Conceição cheirou mais a despedida do que a permanência – se for para sair que o faça rapidamente porque a temporada 2024/2025 já invisivelmente começou – a conquista da Taça de Portugal dá mais jeito, nesta altura, ao FC Porto do que ao Sporting. Sim, porque da parte dos leões nada poderá contrariar um período de glória marcado por uma justíssima conquista da liga.

"O FC Porto, na Liga Europa, terá sempre um cenário mais tranquilo e, até, mais adaptado a quem se quer reconstruir sem perder os eixos de uma equipa jovem e com estrondosa margem de progressão"

Para o FC Porto, pelo contrário, a Taça representa a plataforma de estabilidade para uma nova temporada em que o ruído e a turbulência devem desaparecer. E que já estão a desaparecer. Com o jogo da Supertaça já no horizonte, resta saber de que forma o Sporting vai encarar nova participação na Liga dos Campeões, um cenário que implica uma maior rotatividade e estratégia nos jogos da liga.

O FC Porto, na Liga Europa, terá sempre um cenário mais tranquilo e, até, mais adaptado a quem se quer reconstruir sem perder os eixos de uma equipa jovem e com estrondosa margem de progressão. Hoje, dia 27 de maio, tudo acabou. Tudo voltou à estaca zero. Todos com zero pontos.

Confira aqui tudo sobre a competição.

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