loading

FC Porto: A paz voltou ao castelo

Artigo de opinião de Gil Nunes.

FC Porto: A paz voltou ao castelo
FC Porto

Ingénuo ou talvez não. São, acima de tudo, contributos de perspicácia de quem pretende restabelecer a paz e a harmonia dentro do clube. André Villas-Boas. O tal novo Presidente que, afinal, conhecia bem melhor os cantos à casa do que aquilo que parecia à primeira vista.

Desde logo pela subtileza de linguagem utilizada na entrevista à “Now”, quase como se escolhesse cada substantivo e verbo com régua e esquadro. Ou, também, pela assertividade com que encarou cada tema, não dando os ditos passes para o lado que, nesta altura do campeonato, não se revelariam frutíferos na senda do valor mais alto que se alevanta: a recuperação da paz interna do clube.

Sobre as claques não há tabus. E também não há fanatismos

Sobre as claques não há tabus. E também não há fanatismos. Ora, se as claques podem ser quer o 12º jogador quer o organismo vivo que leva a equipa um bocadinho mais além, a necessidade da sua existência é inquestionável. No entanto, trata-se de um organismo que não deve consumir o sistema circulante e legítimo de adeptos sob pena de se criar uma desarmonia em forma de avalanche. Por isso, o vínculo deve ser forte, mas nunca sôfrego de parte a parte. No saudável é que está o ganho.

Em relação a Pepe, a análise é de coerência: os tempos não são de vacas gordas e, por isso, há que tomar medidas para que a massa salarial possa ser comportável e equilibrada. Depois, por muito que o rendimento do atleta seja louvável aos 41 anos, certo é que o FC Porto não pode ter em Pepe o elemento mais sólido da sua defesa. Porque são 41 anos e tempos de recuperação mais longos; maior propensão a lesões; uma disponibilidade física que se aguenta firme mas que não será eterna. Ora, por muito que todo o profissionalismo de Pepe deva ser enfatizado, nenhum clube como o FC Porto pode ter a sua defesa presa num estendal pronto a quebrar a qualquer momento. É certo que a decisão é dolorosa mas o caminho é correto e o sublinhado até nem é histórico nem contextual. É lógico.

"Em relação a Pepe, a análise é de coerência: os tempos não são de vacas gordas e, por isso, há que tomar medidas para que a massa salarial possa ser comportável e equilibrada"

Se o único ponto negro reside no facto de a decisão do treinador pecar um pouco por tardia (sem ser excessivamente tardia), a conclusão era mais ou menos previsível. Entrou em cena o André Villas-Boas treinador: que percebe o alto potencial de uma equipa jovem e com grande margem de progressão e cujo trajeto de continuidade nunca poderia ser colocado em causa. Mudam-se os rostos mas não se mudam as vontades. A escolha por Vítor Bruno acabou por ser natural dentro dessa tal premissa de que a montanha ainda não foi alcançada e que o pelotão ainda só está na primeira meta-volante da almejada subida.

É lógico que a situação financeira é de máxima prudência e os cenários de venda poderão ser inevitáveis. Em cima da mesa o dossiê Wendell e também por aí nada a dizer: por muito que o atleta seja titular da seleção brasileira, a frieza e o gelo impõem-se: Wendell tem 30 anos e uma margem de progressão escassa – tendo em conta o que poderá valer no futuro e nunca será muito mais do que o seu valor atual. Por isso, a altura é de vender. De o colocar no mercado. Com a ressalva de que o FC Porto terá de se apetrechar o sob pena de ficar com uma posição manca.

Rui Costa tem toda a razão do mundo

O que é sempre um risco. Nisso, passando a palavra ao rival, Rui Costa tem toda a razão do mundo: o Benfica nunca poderá deixar de contratar “Juraseks” porque, por muito minuciosa que seja a análise de quem vem de fora, só se percebe a qualidade do melão quando o mesmo é aberto. Não há milagres. E, de facto, mais Juraseks poderão existir, o que nunca se poderá desvirtuar é o critério.

E, dando um saltinho na segunda circular, há também uma aprendizagem a reter: há craques camuflados dentro de um contexto que não está bem definido para os potenciar. Hjulmand ou Gyokeres. Ou, se assim o quisermos, uma análise tão minuciosa que consiga simular um novo universo dentro de uma esfera de racionalidade, economia e ponderação. Afinal de contas pode falhar-se no alvo mas nunca se pode falhar é no tal critério. Rui Costa dixit. Daí a aposta no scouting afinar por esse diapasão: voltando à VCI do Porto, há que recuperar o FC Porto negociador e que compra bem e vende caro, sendo que tais extremos são sempre impensáveis nos novos tempos sendo que o objetivo é de raspagem: espera-se é andar lá perto. Haver sempre margem de lucro. Segura.

São tempos de paz demonstrados também fora dos microfones. Como acontece na primeira renovação implementada ao plantel e que foi calculada ao pormenor: no fundo, mais do que uma justa recompensa em relação ao trabalho de Cláudio Ramos, pretendeu-se clarificar uma mensagem de união e coesão dentro do balneário, valorizando um jogador preponderante na criação de pontes e exponenciação do ADN FC Porto.

Se tudo é, nesta altura, prematuro e a margem de especulação ainda tolerável, as primeiras conclusões começam a surgir: Villas-Boas não só conhecia o castelo por fotografia. Conhecia, isso sim, cada pedra e cada reentrância com a perspicácia de quem por lá cavalgava e caminhava desde sempre. De tom calmo e nada surpreendido, o Dragão recupera as noites tranquilas de luar.

Siga-nos no Facebook, no Twitter, no Instagram e no Youtube.

Relacionadas

Para si

Na Primeira Página

Últimas Notícias

Notícias Mais vistas

Sondagem

Quem reforçou-se melhor no mercado?