"De onde vem o dinheiro, se André diz que no FC Porto estava tudo penhorado?"

O FC Porto não terá qualquer problema em licenciar-se para as provas europeias, depois das garantias que André Villas-Boas apresentou junto da UEFA. Em cima do prazo, o presidente dos dragões terá conseguido renegociar dívidas com alguns credores e evitar sanções por incumprimento do ‘fair-play financeiro’, que poderiam mesmo passar pela exclusão das provas europeias.

Mas quais dívidas é que foram renegociadas e em quais moldes? O gestor Mauro Xavier, conhecido no futebol português por ser sócio do Benfica, recorda os vários comentários de Villas-Boas durante a campanha eleitoral para a presidência do FC Porto e a famosa notícia dos 8.000 euros que Pinto da Costa deixou em caixa, nunca desmentida formalmente pela nova direção portista.

“Ele andou aqui a dizer quais eram os credores todos do FC Porto, durante uma série de tempo. De onde vêm estas receitas? Se ele diz que estava tudo penhorado, que já não havia nada, pagou ele outra vez do bolso dele? A quem é que pediu emprestado?”, questiona.

Havia uma conta com 8.000 euros, não havia dinheiro nenhum. Estava tudo vazio e agora apareceu o dinheiro. Temos a notícia que o problema [com o ‘fair-play’ financeiro da UEFA] foi resolvido, mas o dinheiro não nasce nas árvores”, reforça Mauro Xavier.

Certo é que, ao evitar sanções por incumprimento, o FC Porto já não está obrigado a vender jogadores como Diogo Costa e Francisco Conceição, podendo atacar o próximo mercado de transferências com maior alívio.

Contudo, fica a dúvida: onde é que André Villas-Boas “foi buscar o dinheiro” para dar garantias à UEFA de que consegue honrar os seus compromissos financeiros? Sobre o tão falado negócio com o BMG, “os contornos ainda não foram comunicados à CMVM”, como destaca o gestor, em declarações na CMTV.

Por outro lado, “o Francisco Conceição, que é o jogador que podia gerar uma mais-valia imediata, ainda está dentro de portas”, dado que o FC Porto ainda não fez qualquer venda de jogadores. “Não houve nenhuma transação de um jogador do FC Porto, não houve uma receita extraordinária”, insiste: “Onde é que ele foi buscar o dinheiro?”.

“André pintou a manta pior que aquilo estava”

A situação financeira do FC Porto é comparada pelo gestor ao conto ‘Pedro e o Lobo’. A ideia do presidente portista, na ótica de Mauro Xavier, será mostrar um cenário vermelho nas contas para depois se poder apresentar como o “salvador” do clube.

“Estamos aqui perante uma situação do ‘Pedro e do Lobo’, entre o Luís André e o lobo. Quando chegou, o Luís André pintou a manta pior do que aquilo que estava na realidade. Nem a casa estava tão arrombada, nem ele é mágico, porque ele não veio dizer onde é que foi buscar o dinheiro. Fiquei admirado com a estratégia do ‘isto tudo estava muito mal e eu agora sou o salvador’. O André enlameou o nome do FC Porto, é estranho quando um presidente vem dizer que o seu clube não tem onde cair morto”, ataca o conhecido associado do Benfica.

Quanto ao pior cenário de eventuais sanções da UEFA por incumprimento do ‘fair-play’ financeiro, o gestor garante que “ficar fora da UEFA nunca seria alternativa” para um clube como o FC Porto. “Nem que vendesse ao desbarato”, acrescenta.

“Ele [André Villas-Boas] parou todas as despesas extraordinárias e focou-se na dívida a curto prazo. Qualquer merceeiro de esquina conseguiria encontrar esta solução, até o (muito mau) ex-administrador Fernando Gomes teria este problema resolvido sem ser um iluminado”, explica o gestor.

E é por parecer assim tão ‘fácil’ que Mauro Xavier questiona: “Onde é que ele foi buscar o dinheiro?”. E deixa no ar a hipótese da solução apresentada por Villas-Boas ter, eventualmente, mais encargos do que a gestão da anterior direção portista de Pinto da Costa.

“Ele isso não explica. Foi negociado de que forma? Qual o custo deste financiamento, é maior ou menor do que os custos com Pinto da Costa? Eu queria perceber de onde é que veio o dinheiro e a que preço”, finaliza Mauro Xavier.