Cerca de 200 sócios do Boavista aprovaram na segunda-feira, em assembleia-geral, uma moção de censura à direção do clube, presidida por Álvaro Braga Júnior, e a sua substituição imediata por uma Comissão Administrativa (CA).
Os associados aprovaram depois a “nomeação, com efeitos imediatos”, de Eduardo Matos para presidir a essa comissão por um “período transitório”, que o próprio admitiu à Agência Lusa estender-se por “um ano”.
O responsável, um advogado que preside à Associação Amigos do Boavista Futebol Clube, adiantou que as suazs primeiras prioridades serão “constituir uma equipa” para o acompanhar na sua nova missão, reabrir a secretaria, fechada devido à saída de alguns funcionários, e ''negociar com os credores''.
Eduardo Matos disse ainda à Lusa que quer ter ao seu lado “pessoas que não estejam agarradinhas à direção anterior”, alvo de muitas críticas durante a assembleia geral.
“Quero bons financeiros”, indicou também.
A assembleia, realizada no Estádio do Bessa, tinha sido convocada para apreciar “as contas referentes aos exercícios de 2007, 2008 e 2009”, mas tal não aconteceu por falta de parecer do Conselho Fiscal.
Olímpio de Magalhães, histórico dirigente axadrezado, foi quem levantou a questão. “É preciso ter descaramento para se apresentar à discussão um relatório que não tem o parecer do Conselho Fiscal (CF), que é obrigatório por lei”, argumentou.
“Este ponto tem de ser retirado da ordem de trabalhos”, sustentou depois, concluindo que a situação “é uma vergonha e um descrédito enorme” para o Boavista, que há vários anos está a braços com uma crise profunda que atirou a sua equipa de futebol profissional para o Campeonato Nacional de Futebol da II Divisão, no espaço de dois anos.
A verdade é que os sócios deram razão a Olímpio de Magalhães e o ponto sobre as contas foi mesmo retirado, com o presidente do CF a referir que “nada foi feito para sonegar fosse o que fosse” e que os seus antecessores no cargo é que deviam ter dado o parecer.
Olímpico de Magalhães propôs depois que o Boavista passasse a ser “gerido imediatamente” por uma comissão administrativa, mantendo-se, no entanto, o seu presidente, Álvaro Braga Júnior, à frente da SAD axadrezada, que tem o futebol a seu cargo.
Álvaro Braga Júnior questionou a proposta alegando que teria de haver eleições, mas Olímpio de Magalhães manteve-a com base no artigo 64 dos estatutos boavisteiros, segundo o qual a Assembleia Geral tem ”autoridade suprema” e “competência ilimitada” para aprovar e decidir todos os assuntos relacionados com o clube
Numa intervenção posterior, o ex-dirigente comparou a sua proposta a “uma moção de censura” à atual direção e ao seu presidente e adiantou então o nome de Eduardo Matos para chefiar desde já a Comissão Administrativa.
A claque axadrezada Panteras Negras, através do seu presidente, José Luís, teceu duras crítica ao modo como Álvaro Braga Júnior dirigiu o Boavista e juntou-se aos que votaram pela substituição imediata da direção por uma CA chefiada por Eduardo Matos.
Braga Júnior recusou fazer comentários sobre o desenlace desta assembleia, que culminou com o seu afastamento da liderança do clube, bem como sobre o seu futuro dentro do Boavista.
O Boavista encontra-se neste momento sem direção e também com a Mesa da Assembleia Geral e o Conselho Fiscal demissionários, passando agora ser gerido por uma CA.