
Gaspar Ramos disparou em todas as direções. Kökçü, Lage e até Rui Costa foram visados nas críticas duras do antigo dirigente encarnado, que vê uma crise profunda no seio do plantel do Benfica.
O antigo dirigente benfiquista Gaspar Ramos não poupou críticas ao incidente envolvendo Orkun Kökçü e Bruno Lage durante o jogo do Benfica frente ao Auckland City no Mundial de Clubes. Em declarações à Antena 1, o experiente dirigente, com larga passagem pelo Departamento de Futebol do clube, analisou com dureza o episódio que correu mundo.
"O que está a acontecer não é possível equilibrar-se com aquela gente", disparou Gaspar Ramos, referindo-se ao ambiente no seio da equipa técnica e direção.
O antigo responsável foi particularmente crítico da atitude do médio turco: "Aquela atitude do Kökçü é imperdoável. Ele não pode tomar aquela atitude", afirmou, antes de contextualizar: "Mas aquilo só acontece pelo estado de espírito que existe dentro daquele grupo".
Gaspar Ramos não poupou nem mesmo o treinador Bruno Lage das suas críticas: "[Lage] teve uma atitude mais de um garoto do que de uma pessoa responsável. Tem que mudar completamente".
O ex-dirigente alertou para as consequências desta falta de liderança: "Se vamos continuar assim, vamos ter grossos problemas, porque fazer uma cabine não é fácil, sobretudo quando não há um verdadeiro líder".
O incidente ocorreu quando Kökçü reagiu mal à sua substituição durante o jogo contra o Auckland City, ignorando Bruno Lage ao sair do campo e voltando a confrontar o técnico após o golo de Renato Sanches.
O médio turco já veio a público reconhecer o erro: "Perdi o controlo. Tenho um temperamento turco", admitiu em entrevista à DAZN, acrescentando que já conversou com Lage e que ambos chegaram a um entendimento.
Gaspar Ramos, porém, vê no episódio sintomas de problemas mais profundos no seio do plantel: "Não há solidariedade na equipa e essa é a razão principal. Nós, tendo o melhor plantel do campeonato, não ganhámos nada". Uma referência clara à época dececionante do Benfica, que ficou sem títulos nacionais e viu o Sporting conquistar a dobradinha.
O antigo dirigente também apontou o dedo à direção do clube: "Nem o jogador, nem o treinador, e já agora também o presidente, porque é ele que está por cima". Uma crítica velada a Rui Costa pela forma como tem gerido os conflitos internos no plantel.