
O histórico do Benfica analisa o equilíbrio do dérbi e aponta a ausência de Gyökeres como fator decisivo para os 'leões'.
António Simões, figura indelével do futebol português, fez uma análise perspicaz do próximo clássico entre Sporting e Benfica, marcado para esta quinta-feira no Estádio Algarve. Com a sabedoria de quem viveu inúmeros embates decisivos, o antigo internacional português desvenda os fatores que podem decidir este duelo pela Supertaça Cândido de Oliveira.
Num tom descontraído mas repleto de conhecimento de causa, Simões começa por desmontar a aparente contradição entre os tempos de preparação das duas equipas. "O Sporting chega com mais dias de trabalho e mais jogos no currículo, o que lhes dá vantagem em termos de entrosamento", explica. "Mas o Benfica, que começou mais tarde devido à participação no Mundial de Clubes, apresenta-se mais fresco fisicamente. No futebol atual, onde a intensidade é rainha, isso pode fazer toda a diferença nos minutos decisivos".
A conversa naturalmente recai sobre as grandes ausências. "Viktor Gyokeres era muito mais que um goleador para o Sporting", reflete Simões. "Era aquele jogador que, mesmo quando a equipa estava sob pressão, conseguia segurar a bola e dar respiro aos companheiros. Sem ele, o modelo mantém-se, mas perde um elemento crucial". Do lado encarnado, o veterano destaca a chegada de Richard Ríos: "Vi-o jogar e impressionou-me. Tem características únicas que podem preencher lacunas importantes no meio-campo do Benfica".
Simões não ignora o contexto emocional que envolve o encontro. "O Benfica chega com a ferida aberta das duas últimas derrotas para o rival", observa. "Mas por vezes essa sede de revanche pode transformar-se em combustível positivo. Já o Sporting, como campeão em título, precisa evitar a armadilha de pensar que basta repetir o desempenho".
Com eleições no horizonte do Benfica, o antigo jogador reconhece que este é mais que um simples jogo. "Estes encontros nunca definem uma época, mas podem marcar o tom do que está por vir", afirma. "Para Bruno Lage e Rui Costa, é uma oportunidade de mostrar que o projeto está no caminho certo. Do outro lado, Rui Borges precisa provar que a equipa mantém sua identidade mesmo sem o seu principal artilheiro".
À medida que a conversa flui, Simões vai traçando possíveis cenários. "Imagino o Sporting a começar forte, aproveitando seu maior ritmo competitivo. Mas se o Benfica aguentar a pressão inicial, a frescura física pode falar mais alto no final". E conclui com a sabedoria de quem já viu tudo no futebol: "Nestes clássicos, por vezes são os detalhes mais imprevisíveis que decidem. Um lance de génio, um erro inesperado... é isso que torna este jogo tão especial".
A Supertaça Cândido de Oliveira disputa-se esta quinta-feira, pelas 20:45, no Estádio Algarve, em partida que vai ser dirigida por Fábio Veríssimo, da associação de Leiria.