A responsável pela equipa da PSP/Porto que vigia as claques desportivas, subcomissária Telma Fernandes, disse hoje que os chamados “spotters” foram decisivos para diminuir a violência dos adeptos problemáticos no último jogo FC Porto-Benfica.
“Face a outras situações do passado, elas [as ações violentas] foram mais reduzidas, isso posso garantir-lhe”, declarou a subcomissária, que falava à Lusa após um exercício da Unidade Metropolitana de Informações Desportivas da PSP, realizado no estádio do INATEL, em Ramalde, Porto.
A PSP deteve várias pessoas à margem do ''clássico'' entre FC Porto e Benfica, da 10.ª jornada da Liga portuguesa de futebol, realizado no Estádio do Dragão, que terminou com a vitória dos portistas por 5-0.
Na altura, foram atirados objetos contra o autocarro do Benfica e alguns adeptos foram encontrados na posse de artigos pirotécnicos.
Ainda assim, “viram-se os resultados [mais positivos] relativamente a situações anteriores”, referiu a subcomissária, numa alusão aos incidentes da época passada, também em torno de um jogo FC Porto-Benfica.
“No ano passado já havia ‘spotters’, mas o trabalho vai-se aprimorando”, comentou a oficial.
Para a subcomissária, a polícia “fez o que devia e o máximo que podia fazer” porque, “apesar de tudo, a polícia não tem o dom da omnipresença” nem consegue sempre prever “todos os movimentos de quem tem mas intenções”.
Os “spotters” são serviços policiais de “intelligence” (informações) que acompanham e vigiam as claques desportivas e adeptos problemáticos no âmbito da Unidade Metropolitana de Informações Desportivas da PSP.
“O spotter dá as informações sobre as equipas que jogam, a que horas saem as comitivas, qual o trajeto, quantos vão, se vão adeptos de risco ou não, se seguem em grupos organizados, se vão de comboio ou autocarro e, neste caso, em quantos”, explicou.
Em caso de necessidade de reposição da ordem pública, a missão é geralmente confiada a outras valências da PSP.
Nas suas declarações à Lusa, Telma Fernandes recusou equiparar as mais problemáticas claques desportivas portuguesas aos “hooligans” ingleses.
“Não temos hooliganismo em Portugal. Se calhar, temos um pró hooliganismo, ou seja grupos organizados de adeptos, com algum tipo de afinidades, que trazem por vezes problemas de ordem pública e alguns tipos de incidentes”, explicitou.
A subcomissária sublinhou que o “grande problema” nas claques de um desporto de massas como é o futebol é que “basta um elemento ter algum tipo de ato incorreto para que todos o seguirem”.
“Se calhar em termos individuais, não efetuaria aquilo”, acrescentou.
Telma Fernandes sublinhou, por outro lado, que a PSP está também preocupada com os adeptos violentos em jogos de escalões inferiores e às vezes de camadas jovens.
Neste âmbito, a PSP “não faz acompanhamento a essa escala, mas está atenta”, acrescentou.