O ex-selecionador nacional de futebol Carlos Queiroz afirmou hoje à Agência Lusa estar “confiante” numa decisão favorável do Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), pela “verdade dos factos e a oportunidade de ser ouvido e se defender”.
“Não serei julgado ou condenado por pessoas sem preparação jurídica, como foi o caso, e terei oportunidade de ser ouvido e de me defender”, disse Queiroz, convicto de que qualquer pessoa com bom senso ou senso de justiça o irá “ilibar, depois de ouvidas as duas partes”.
O ex-selecionador lembrou ter sido ilibado pelos Conselhos de Disciplina e Justiça da FPF, em que pôde “ser ouvido, ao contrário do que sucedeu com a Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP)”, que o suspendeu por seis meses alegadamente por ter perturbado a ação de controlo antidoping, a 16 de maio, no estágio da seleção, na Covilhã.
Queiroz reiterou que “em nenhuma circunstância perturbou o controlo” e sublinhou a importância de uma decisão favorável do TAS por ser “uma questão de princípio fundamental” que terá o condão de “clarificar e desmistificar todas as outras”.
Recusou abordar a implicação que a mesma teria no processo de despedimento unilateral de que foi alvo por parte da direção da FPF.
“A prioridade é centrar a atenção na decisão do TAS. Depois, terei tempo para refletir. O que eu quero é ver julgada uma acusação infame de ter perturbado uma ação antidoping”, explicou à Lusa.
Outro batalha de Queiroz é a queixa que interpôs no Departamento Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa contra o secretário de Estado da Juventude e Desporto, Laurentino Dias, o presidente da ADoP, Luís Horta, e os três médicos envolvidos no controlo, acusados de alegada “fraude processual”.
“Confio na coragem e determinação do DIAP para esclarecer e punir, se for caso disso, as pessoas que manipularam e viciaram relatórios no âmbito de um processo em que não fui ouvido e que culminou com o meu despedimento”, referiu, mostrando-se “confiante de que a justiça portuguesa vai funcionar”.
O ex-selecionador revelou-se crítico em relação à recente decisão do CJ da FPF, que ratificou o castigo que lhe foi aplicado pelo CD por causa de uma entrevista ao semanário Expresso, alegando que aquele órgão decidiu em causa própria: “Aceito-a, mas não a respeito porque não teve em consideração todos os elementos disponíveis, porque se tivesse tido jamais poderia tomar aquela decisão, parcial e tendenciosa”.
Sustentou que o testemunho dos jornalistas do Expresso que o entrevistaram “foi ignorado” pelo CJ: “Não posso conceber que uma interpretação subjetiva de terceiros possa ter mais peso do que a dos dois jornalistas profissionais que me entrevistaram, as únicas que considero credíveis para julgar o sentido das minhas palavras”.
Lembrou ainda que uma das testemunhas fundamentais, o seu ex-treinador adjunto Agostinho Oliveira, “faltou à verdade ao querer proteger” o “vice” federativo Cerqueira Alves, quando negou que este tivesse dito a ambos que tinha sido “aliciado por outros membros da direção da FPF no sentido de despedir” Queiroz.