Mário Soares considerou hoje, em declarações à Agência Lusa, que o ex-presidente da FPF Vítor Vasques era “um homem digno” que sentia a politica com “espírito de independência e sentido da ética republicana”.
“Era um amigo próximo, um camarada do Partido Socialista e secretário de Estado da Segurança Social de um Governo meu”, disse Mário Soares durante a missa na Basílica da Estrela em memória de Vítor Vasques, cujo funeral se realizou ao início da noite de hoje, no Cemitério dos Olivais, em Lisboa.
Visivelmente abatido, o antigo presidente da República recordou que manteve sempre “uma boa relação” com Vítor Vasques: “Considerava-o muito, era um homem digno, ligado ao desporto e que estava na política como se deve, com espírito de independência e sentido da ética republicana”.
Mário Soares referiu ainda ter sentido “muito” a morte de Vítor Vasques e expressou os seus pêsames “à família, em particular ao filho e ao antigo Ministro da Educação Veiga Simão”, de quem o ex-presidente da FPF era “grande amigo”.
O secretário de Estado da Juventude e Desporto, Laurentino Dias, emocionou-se e teve de fazer uma pausa para que a voz não o traísse quando se referiu à memória de Vítor Vasques.
“Era um amigo pessoal, meu camarada, alguém que na vida cívica deu muito ao desporto português, tendo chegado a presidente da FPF. Por tudo isso, em nome pessoal e do desporto, direi que jamais nos esqueceremos dele”, disse.
Laurentino Dias retratou, ainda, Vítor Vasques como “um homem são, franco e disponível” nas relações pessoais e “simples na forma como se apresentava”.
Abalado estava o antigo futebolista internacional Rui Águas, com quem Vítor Vasques privou no plano pessoal e profissional: “Éramos amigos, havia uma relação de proximidade muito grande entre as nossas famílias, amizade essa que se estende aos nossos filhos”.
Para Rui Águas, Vítor Vasques era “uma pessoa boa, bem humorada, liberal, inteligente, tolerante, bom ouvinte, como qualquer homem de poder deve ser”, embora “haja poucos que o sejam”.
O diretor geral do Sporting José Couceiro também marcou presença na Basílica da Estrela a título pessoal, lembrando que privou com Vítor Vasques quando este era presidente da FPF e ele presidente do Sindicato dos Jogadores.
“O primeiro protocolo entre as duas instituições, relativo aos direitos de imagem dos jogadores, foi assinado pelo dois, creio que em 1994”, recordou, qualificando a relação entre ambos como “forte e leal”, apesar das “divergências de opinião” que tinham em relação a “algumas questões organizativas do futebol português”.
O antigo dirigente do Benfica e diretor executivo da Liga de Clubes, Cunha Leal, também se referiu a Vítor Vasques como “uma pessoa inteligente, bem formada e um bom amigo”, e no plano desportivo como “um bom dirigente do Benfica e um bom presidente da FPF”.
Vítor Vasques, que faleceu quinta-feira, com 73 anos, era natural de Coimbra e liderou a FPF entre 1993 e 1996, tendo sido dirigente do Benfica durante um dos mandatos de João Santos.
Licenciado em Engenharia Química Industrial, foi diretor do Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Indistrial.
Na política, aderiu ao PS em 1974, foi secretário de Estado da Segurança Social até agosto de 1978 e deputado na Assembleia da República entre 1980 e 1982.