O número de árbitras no futebol ainda é uma incógnita, mas o universo conhecido – nos jogos do campeonato nacional feminino – aponta para 30 mulheres em atividade.
Um número que inclui quatro árbitras internacionais e apenas duas do quadro nacional, com possibilidade de dirigirem jogos dos nacionais masculinos, ainda que apenas na terceira categoria.
Os dados foram revelados à Agência Lusa pelo presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), que reconhece que não pode dar o número exato de árbitras em Portugal, pois não foi feito o seu levantamento.
“Posso dizer que temos quatro árbitras internacionais, que o quadro de árbitras nacionais tem cerca de 30 elementos que dirigem a competição de futebol feminino e que possuímos duas árbitras que fazem parte do Quadro Nacional de Árbitros, mas o levantamento a nível nacional não está feito”, disse Luís Guilherme.
De acordo com o responsável, esta duas árbitras são as únicas que estão em igualdade de circunstâncias com os seus congéneres masculinos na possibilidade de ascensão ao futebol profissional.
“Estas duas árbitras dirigem os jogos da terceira categoria nacional e estão em igualdade de circunstância no sentido de ascender até ao futebol profissional, porque aderiram ao chamado ‘quadro normal’”, explicou.
São também estas juízas que fazem parte do Quadro Nacional de Árbitros, constituído por 150 elementos, entre os 148 juízes homens.
Já o quadro de árbitras nacional, composto por cerca de 30 elementos, de acordo com Luís Guilherme, assume a competição de futebol feminino nacional e a nível distrital “toda a competição de acordo com a sua categoria”.
Ao contrário do que acontece na Suíça – onde mulheres podem dirigir encontros do primeiro escalão masculino -, as árbitras portuguesas que pertencem ao quadro feminino só podem ajuizar encontros de futebol feminino, de acordo com as determinações da FIFA.
Na história da arbitragem feminina em Portugal, nunca houve uma mulher árbitra ou árbitra assistente. Segundo o presidente da APAF, o máximo que aconteceu foi chegarem à terceira categoria nacional integradas no quadro masculino, a primeira delas Ana Brochado, de Lisboa.
Quanto ao desenvolvimento da atividade a nível feminino, Luís Guilherme salienta que tem aumentado o número de árbitras, mas não da forma desejada.
“Tem crescido o número, não tanto quanto gostaríamos, mas tem melhorado muito. Em termos físicos, os progressos têm sido extraordinários, em quantidade não tem evoluído da forma que queríamos, porque em Portugal temos o problema da competição feminina não ter evoluído muito. Logo, as árbitras femininas ficam também prejudicadas”, explicou.
Segundo o responsável, ambos os factos estão relacionados e avança que, se a competição se tornar diferente, com mais equipas de futebol feminino a disputarem o nacional, haverá necessariamente mais árbitras.
Para chamar mais mulheres à arbitragem é preciso, de acordo com Luís Guilherme, “haver mais competição”, além de dar também “mais condições à arbitragem”, sublinhando, no entanto, que o problema é geral, sentido tanto no masculino, como no feminino.
“Aqui há 10 anos, e estamos a falar do ano 2000, o cenário era muito negro. Evoluímos muito. Temos boas árbitras de nível técnico e condição física”, assegurou, relativizando os constrangimentos que ainda podem existir.
À semelhança do que aconteceu nos últimos seis anos, a FIFA promove paralelamente ao Mundialito de futebol feminino, que se disputa no Algarve entre 02 e 09 de março, um workshop para árbitras de todo o Mundo, com a edição deste ano a contar com 62 juízas.