O presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), Joaquim Evangelista, recusou hoje, em declarações à Agência Lusa, que a proteção social dos jogadores possa ser posta em causa pelos interesses das seguradoras.
“Não aceitamos que a proteção social dos jogadores seja posta em causa pelos interesses das seguradoras”, referiu Evangelista.
A direção do SJPF reuniu-se hoje com os grupos parlamentares do CDS-PP, do PCP e de Os Verdes para discutir a proposta lei que consagra o regime jurídico dos acidentes de trabalho.
“Estranhamos a oportunidade deste diploma. A leitura que fazemos é que as seguradoras e os clubes estão a fazer pressão. Surgiu depois do caso do Brassard, que teve um problema escafoide. A partir daí houve uma pressão grande para alterar a lei e criar limites ao pagamento das indemnizações”, adiantou.
Para Evangelista, “o seguro tem de ser feito e salvaguardar os riscos desta profissão, que é de desgaste rápido”, sendo que “os clubes queixam-se que os prémios são elevados”.
“Se os clubes estão preocupados têm de repensar a massa salarial. Não podem pôr em causa a saúde dos trabalhadores. O seguro é feito sobre o valor do salário. Não é legítimo que os clubes queiram manter salários elevadíssimos e depois não queiram pagar esse seguro”, disse.
Evangelista defendeu ainda que “o valor que as seguradoras recebem, face aos acidentes, leva a crer que o lucro é muito”, acrescentando que “não é aceitável que as seguradoras tenham lucro à custa dos jogadores”.
A proposta do Governo prevê limitações no pagamento de indemnizações até aos 35 anos e que deixe de haver pagamento para os atletas profissionais acima dessa idade, proposta que Evangelista até aceita, porque é nessa idade que a maioria dos jogadores deixa a atividade.
“Agora não aceitamos que haja limitações. O PCP, CDS e PEV mostraram-se sensíveis a esta matéria. O próprio secretário de Estado mostrou abertura”, disse Evangelista, acrescentando que a Liga de clubes “não foi transparente”.