A Associação de Futebol de Braga disse hoje que, “no limite, não obstaculizará a viabilização” do projeto de estatutos da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) adequado ao Regime Jurídico das Federações Desportivas.
A associação liderada por Carlos Coutada reuniu-se hoje de manhã e aprovou por unanimidade um comunicado em que frisa que, mesmo “consciente que não defende bons instrumentos para o futebol nacional, no limite, não obstaculizará a viabilização dos referidos documentos”.
“Nunca seremos uma força que porá em causa os superiores interesses dos nossos clubes e seleções”, pode ler-se no comunicado da AF Braga, uma das que se tem oposto aos novos estatutos e cuja posição pode ser decisiva na sua aprovação na Assembleia Geral da FPF de sábado.
Contudo, nota que, até à reunião magna - em que são necessários 75 por cento dos votos mais um para aprovação dos estatutos - poderão surgir outros elementos e que só nessa altura tomará a decisão final.
“Continuaremos a defender outro regime jurídico e outros estatutos, outro regimento eleitoral enquanto estivermos convictos da ilicitude destes documentos”, avisa.
A AF Braga lembra que “foi sempre coerente com as suas posições e com o interesse dos seus clubes e do futebol português” e que a discordância não tem que ver com “divergências com FIFA ou UEFA, mas com desconformidades [das propostas] à Constituição da República Portuguesa”.
Contudo, se os “organismos europeus e mundiais aceitam os documentos como bons”, a AF Braga admite, mesmo considerando que continua com a razão do seu lado, ficar sem argumentos no capítulo desportivo, mas não do político.
Lamentou ainda a “indiferença, sobranceria e indisponibilidade” com que “o secretário de Estado do Desporto [Laurentino Dias], o ministro da tutela [Pedro Silva Pereira] e os partidos políticos” tiveram para apreciar a sua opinião.
“Neste contexto político e desportivo, a AF Braga entende que não deve assumir o ónus da responsabilidade pela inviabilização de documentos que podem trazer consequências imprevisíveis para o futebol português”.
O impasse já a suspensão do estatuto de utilidade pública desportiva da FPF por parte do Governo e pode levar a FIFA e a UEFA a suspender as participação das seleções e clubes portugueses em competições internacionais.
Na Assembleia-Geral de 29 de janeiro, o projeto foi chumbado pela terceira vez, com 29,4 por cento de votos desfavoráveis, incluindo os cinco por cento correspondentes à associação de Braga.