FC Porto e Sporting de Braga vão esquecer quarta-feira a sólida amizade que os une, empenhados em conquistar a Liga Europa de futebol, em Dublin, na primeira final do velho continente totalmente portuguesa.
Numa final tudo pode acontecer, mas os “dragões” recolhem, naturalmente, maior favoritismo: estão a fazer uma época memorável – campeões invictos, vencedores da Supertaça e ainda finalistas da Taça de Portugal -, têm maior experiência internacional e estão em forma.
Tudo isso confere à equipa de André Villas-Boas maior responsabilidade e pressão, um trunfo que os “guerreiros do Minho” podem aproveitar, como, aliás, o têm feito com mestria: que o digam os “favoritos” Celtic, Sevilha, Liverpool, Dínamo de Kiev e Benfica, todos colecionadores de títulos nas provas da UEFA e que caíram aos pés dos minhotos.
Esta época, os portistas venceram ambos os desafios entre si e na história triunfaram nas duas finais anteriores na Taça de Portugal e uma na Supertaça, mas uma final europeia é um desafio com um espírito diferente: esta é a oportunidade de uma vida para os “arsenalistas” fazerem história.
Duas Taça dos Campeões (1987 e 2004) e uma Taça UEFA (2003), sem esquecer duas Taças Intercontinentais e uma Supertaça Europeia, já moram no museu do FC Porto, enquanto o do Sporting de Braga procura o mais importante troféu dos seus 90 anos de história – só venceu uma Taça de Portugal.
O FC Porto tem como trunfos a maior experiencia internacional e a superior qualidade individual dos futebolistas, mas o Sporting de Braga já mostrou capacidade para se transcender, com uma capacidade ímpar de criar um todo de valor superior à soma das partes.
André Villas-Boas, discípulo de José Mourinho, está apenas a terminar a primeira época completa como treinador e quis o destino que fosse defrontar Domingos Paciência, o seu ídolo de menino no FC Porto e protagonista do melhor ciclo da longa história bracarense, na qual está determinado a ganhar um lugar imortal, antes de partir para o Sporting.
Tal como a maioria dos que acompanham o futebol, as casas de apostas atribuem favoritismo aos “dragões”, mas é no campo que os portistas têm de mostrar a aparente superioridade: no percurso até Dublin, impressionaram, pelas 13 vitórias em 16 jogos, com 43 golos marcados, dois recordes lusos.
Falcao (17 golos, recorde na Europa numa só época) e Hulk (oito) são as setas apontadas à baliza minhota, enquanto Guarín (cinco) tem sido um surpreendente desequilibrador do meio-campo e Helton mais seguro do que nunca na baliza.
O saudoso Matheus (já não faz parte do plantel) é o melhor marcador “arsenalista”, com seis golos, seguido de Lima (cinco), especialista a marcar ao FC Porto: Alan brilha nas alas, Mossoró a construir, Vandinho é o “patrão” à frente da defesa, comandada pelo sólido guarda-redes Artur Moraes.
Os portistas estão desfalcados do lateral direito Fucile e do extremo Cristian Rodriguez, com o lateral esquerdo Emídio Rafael a juntar-se aos uruguaios no lote de indisponíveis. No Braga, apenas Vinícius está inapto.
Pinto da Costa tem como grande amigo no futebol António Salvador, mas os cúmplices presidentes têm agora interesses antagónicos, pois ambos querem segurar o sétimo título europeu que viajará para Portugal.
Prognósticos... só no fim. Certo, certo é que a festa será portuguesa, concerteza.