O Benfica conquistou o seu primeiro título de campeão europeu há 50 anos, numa emocionante final frente ao Barcelona, com um bis de Mário Coluna.
Uma grande capacidade de sofrimento, aliada à ''sorte do jogo'', valeu ao Benfica o primeiro título de campeão europeu de futebol, em 1960/61, numa emocionante final frente ao FC Barcelona (3-2).
Há 50 anos, em Berna, o ''Barça'', que havia eliminado o pentacampeão europeu Real Madrid, entrou como favorito e marcou primeiro, mas os jogadores ''encarnados'', encorajados pelo húngaro Bélla Guttmann, deram a volta.
Barcelona era favorito
Ainda sem Eusébio, que só chegaria na época seguinte, o Benfica foi, sobretudo, uma equipa de luta, vencendo mais no suor do que na classe, face a um conjunto de ''estrelas'' (Kocsis, Czibor, Kubala ou Suarez).
Os catalães entraram confiantes no Wankdorf Stadion e chegaram como toda a naturalidade à vantagem, aos 20 minutos, por Kocsis, depois de um início avassalador.
O Benfica não se ''afundou'', no entanto, com o golo do ''Barça'' e, em menos de nada, aos 30 e 32 minutos, deu a volta, com o 11.º tento de José Águas na prova e um golo na própria baliza do guarda-redes Ramallets.
Guttman motivou balneário ao intervalo
A equipa lisboeta, que cumpria a segunda participação europeia (havia caído na primeira ronda em 1957/58), levou a igualdade para os balneários, onde Guttmann injetou moral, dizendo que era possível e falando de um adversário cansado.
Por esta razão ou não, a verdade é que o Benfica acreditou, mais ainda depois de, aos 55 minutos, Mário Coluna acertar um remate de fora da área e colocar os campeões nacionais a vencer por dois golos.
O ''onze'' de Enrique Orizaola não estaria preparado para tal cenário, mas, ainda assim, não desistiu e reentrou no jogo aos 75 minutos, por Czibor.
José Aguas levantou o ''caneco''
O ''monstro'' catalão voltava a acordar e os minutos finais foram de grande sufoco para o Benfica, que, com a ajuda dos ''ferros'' e dos ''deuses'', segurou o ''caneco'', que o ''capitão'' José Águas levantou orgulhosamente.
Foi uma final muito difícil, depois de um percurso tranquilo, já que Hearts (5-1 no total dos dois jogos), Ujpest (7-4), Aarhus (7-2) e Rapid Viena (4-1) nem sequer deram luta ao ''onze'' da Luz.
No ano seguinte, Benfica derrotou Real Madrid
Em Berna, o Benfica conquistou o primeiro de dois títulos consecutivos, já que, em 1962, revalidou o cetro, num trajeto culminado com um triunfo por 5-3 sobre o Real Madrid, em Amesterdão.
Os ''merengues'' tinham Gento, Di Stefano e Puskas, que marcou três golos, mas o Benfica já contava com Eusébio, autor de um ''bis'', num jogo em que Águas, Cavem e Coluna também marcaram.
Mas o ''tri'' escapou
O ''tri'' esteve ao alcance em 1963, mas, em Wembley, o Benfica foi batido pelo AC Milan (1-2), na primeira de seis finais perdidas de forma consecutiva: pesou a ''maldição'' de Guttmann, de que o Benfica jamais repetiria o feito.
Em finais disputadas ''fora'', os ''carrascos'' seguintes foram Inter (0-1), em 1964/65, e Manchester United (1-4 após prolongamento), em 1967/68.
Depois, o Benfica também não ganhou com o sueco Sven-Goran Eriksson, na Taça UEFA (0-1 fora e 1-1 em casa, com o Anderlecht, em 1982/83) e na Taça dos Campeões (0-1 com o AC Milan, em 89/90), e, pelo meio, Toni perdeu a ''Champions'' na ''lotaria'' (5-6 face ao PSV, em 87/88).