Os números do FC Barcelona de Pep Guardiola impressionam, com nove títulos em 12 competições disputadas, mas têm muito mais esplendor porque estão ligados a um futebol que, invariavelmente, encanta.
Depois de dois anos sem títulos, o “Barça” apostou em 2008 no jovem Guardiola, formado no clube e proveniente da equipa B, que orientara em 2007/2008, e três anos depois, é “apenas”, com a “cantera” como chave e o “génio” de Messi omnipresente, a melhor equipa da atualidade.
Em bom ou mau momento, o “Pep Team” é sempre muito difícil de bater, mas, em plena forma, quando a orquestra do “tiki-taka” está em forma, sem baixas, a probabilidade de golear é sempre bem maior do que a de empatar ou perder.
De inspiração “Cruyffiana”, do “mestre” Johan Cruyff, o ex-jogador e técnico holandês que trouxe o “futebol total” e comandou o “Dream Team”, Guardiola transformou o futebol do “Barça”.
O FC Barcelona tinha sido campeão da Europa em 2006, com Frank Rijkaard, mas, então, e apesar da qualidade da equipa, só o brasileiro Ronaldinho encantava.
Com Guardiola, a posse de bola passou a ser a obsessão, o princípio de tudo: com Xavi e Iniesta a comandar a meio-campo, o “Barça” manda na bola e no jogo, num “tiki-taka” ao qual até o guarda-redes Valdés é chamado a participar.
O FC Barcelona consegue ter sempre a bola porque a trata e circula como ninguém, face às movimentações constantes dos seus jogadores, mas também porque, como ninguém, tem uma capacidade extraordinária para a recuperar.
A esta capacidade está intimamente ligada à vontade de o fazer: é preciso ter a bola e trocá-la, com o mínimo risco possível, mas também tirá-la depressa ao adversário e o mais perto possível da sua baliza: atacar... defendendo.
O “Barça” é isto desde a chegada de Guardiola e os resultados estão à vista: nas últimas três épocas, só não venceu a Liga dos Campeões da época passada e as duas últimas edições da Taça do Rei.
De resto, só vitórias, a começar por uma primeira época sensacional, com três títulos em outras tantas frentes, na Liga dos Campeões, numa final face ao detentor Manchester United (2-0), Liga espanhola e Taça do Rei.
Na época seguinte, o “Barça” conquistou os três troféus “vindos” da época anterior (Mundial de clubes e Supertaças Europeia e espanhola) e também revalidou o título espanhol, assumido como a maior das prioridades.
Na “Champions”, o “onze” de Guardiola caiu perante o “autocarro” que o Inter, de Mourinho, levou ao Nou Camp (insuficiente 1-0, após 1-3 em San Siro) e foi eliminado pelo Sevilha da Taça do Rei.
Em 2010/2011, e após um Mundial de 2010 que, pode dizer-se, o “Barça” ganhou para a Espanha, a equipa catalã já logrou o “tri” na Liga, mesmo perante a chegada ao Real Madrid do treinador português José Mourinho.
O máximo que os “merengues” conseguiram foi “roubar” a Taça do Rei (1-0, após prolongamento), já que também caíram nas “meias” da “Champions”, prova em que Guardiola pode selar sábado o 10.º título em três épocas e 13 competições.