As instalações do Estrela da Amadora não receberam hoje qualquer proposta de compra e apenas foi vendido um apartamento propriedade do clube, considerado insolvente pelo Tribunal do Comércio de Sintra, em despacho de 08 de fevereiro de 2010.
Paulo Sá Cardoso, administrador de insolvência nomeado pelo tribunal, confirmou à agência Lusa que ''não houve intenções'' para a aquisição do estádio José Gomes (campo de futebol e instalações de apoio), no valor base de 3.447.938 euros, e do terreno contíguo de treinos, de balneários e a sala de jogo do bingo, pelo mesmo montante.
''Vamos ter de proceder à venda de outra forma'', salientou Paulo Sá Cardoso, acrescentando que a Comissão de Credores, que ficou a conhecer hoje a inexistência de propostas em reunião com o administrador, terá de voltar a se encontrar em data a marcar para decidir o modo.
O prazo para entrega das licitações terminou a 20 de maio e, de acordo com o PDM (Plano Diretor Municipal) da Amadora, as instalações terão de manter o cariz de área desportiva.
Os dois grupos de bens a liquidar teriam de ser vendidos em conjunto, estando a sala de jogo do bingo parcialmente onerada em contrato de cessão de exploração, que termina a 01 de novembro de 2014. Mensalmente, a concessionária paga 6.000 euros e 10 por cento do lucro líquido mensal, após o pagamento de impostos.
O administrador de insolvência referiu que o único bem do Estrela da Amadora objeto de compra hoje foi um apartamento na Reboleira, cujo valor de venda não foi divulgado.
A fração, que se destinava para residência de jogadores da equipa principal de futebol do Estrela da Amadora, tem um valor patrimonial de 43.892,52 euros e o preço-base de venda era de 35.000 euros.
A liquidação foi aprovada pelo Tribunal do Comércio de Sintra, depois de um plano de recuperação do Estrela da Amadora ter sido chumbado pelos credores, entre os quais trabalhadores do clube.
Em despacho de 08 de fevereiro, a que Agência Lusa teve acesso, a juíza Rute Lopes concluiu “que não se mostra aprovado o plano de insolvência” por não terem sido reunidos os votos de dois terços exigidos por lei do valor total dos créditos reclamados.
Entre os credores que se pronunciaram favoravelmente, e que foram confrontados com a inviabilização do plano por reduzida margem, encontra-se a Segurança Social, que reclama mais de 2,5 milhões de euros.
O despacho menciona ainda que “votaram contra o plano” credores que representam 16.472.301 euros da massa insolvente, entre os quais figura o Fisco, que detinha cerca de 34 por cento dos votos do universo dos credores, correspondendo a mais de 12,5 milhões de euros de créditos.
O plano resultava de alterações introduzidas pelo administrador de insolvência, Paulo Sá Cardoso, após propostas de um grupo de investidores liderado por Herculano Gonçalves, ex-deputado do CDS-PP na Assembleia da República.
De acordo com o documento, o Estrela da Amadora ficava a deter 40 por cento do capital social da SAD, enquanto os restantes 60 por cento pertenciam ao grupo de investidores.
Se fosse aprovado, o novo plano previa o início da atividade do Estrela da Amadora em dezembro de 2011 e o da SAD em julho de 2012.
O pedido de insolvência foi interposto pelo Estrela da Amadora, impedido de inscrever-se na Liga portuguesa de futebol na temporada de 2009/2010, alegando o clube impossibilidade de cumprir pontualmente com as suas obrigações, uma vez que não detinha meios próprios ou de crédito.
Por não cumprir os requisitos estabelecidos pela Federação Portuguesa de Futebol no processo de inscrição nas provas de seniores, o Estrela da Amadora, 10.º na II Divisão nacional na época de 2009/10, apenas competiu na época de 2010/11 nos escalões jovens, pela primeira vez desde que foi fundado, em 1932.