Mohamed Bin Hammam, presidente da Confederação Asiática de Futebol desde 2002, apoiou o atual presidente da FIFA, Joseph Blatter, mas decidiu tornar-se no primeiro desafiante do suíço na última década, partindo como “outsider” para a corrida.
Contrariar a unanimidade e aclamação que elegeu Blatter em 2007 é a missão de Bin Hammam, nascido a 08 de maio de 1949, que tenta, neste ato eleitoral, capitalizar a popularidade adquirida com a atribuição da organização do Mundial2022 ao Qatar, em dezembro de 2010.
A história também confirma o estatuto de “outsider” do dirigente do Qatar: dos oito presidentes da história da FIFA, apenas o brasileiro João Havelange, antecessor de Blatter, quebrou a hegemonia europeia, entre 1974 e 1998.
Defensor da democratização da FIFA, crítico da burocracia e centralização do organismo, o empresário da construção civil, que até foi acusado de ter violado o código de ética da FIFA, propõe a criação de um comité de transparência, colocando em causa a eficiência atual nas áreas técnicas e legais.
Para Bin Hammam, o modelo de gestão da FIFA “concentra o poder em muito poucas mãos” e, por isso, quer alargar o comité executivo, do qual faz parte desde 1996, de 24 para 41, duplicando a representação africana, asiática, para oito cada, da CONCACAF, para seis, e da Oceânia, para dois, enquanto a UEFA deveria contar com 12, em vez dos atuais oito, e a Conmebol, que passaria de três para quatro.
Além da representatividade, Bin Hammam, “chairman” do “Goal Bureau” – programa da FIFA que atribui verbas para o desenvolvimento da modalidade –, quer reforçar este apoio e também distribuir as receitas dos Mundiais de forma mais equitativa pelos 208 membros.
“Novas caras, novo sangue”, salienta o candidato asiático, que foi um “pivot” de Blatter nas eleições de 1998 e 2002, mas afastou-se do atual presidente quando começou a acreditar que conseguiria votos suficientes para pôr termo aos 13 anos de liderança do suíço.
Apesar de ter presidido às federações do Qatar de voleibol e ténis de mesa, entre 1979 e 1983, Bin Hamman assegura que no seu Mundo “o futebol é rei”, daí que tenha liderado o Rayyan Sports Club, emblema que levou sete vezes à conquista do título da Liga do Qatar, entre 1972 e 1987.
Bin Hammam considera que chegou a altura de a FIFA ter uma liderança asiática e, reiterando que “há uma data de validade para tudo”, aposta em conquistar votos entre os membros insatisfeitos com a presidência de Blatter.
Viu alargada a sua influência com a entrada para o Comité Executivo da FIFA em 1996, enquanto a região do Golfo se desenvolvia e o Qatar se tornava num dos países mais ricos do Mundo e “ganhou peso” com a atribuição do Mundial2022 ao Qatar, em dezembro de 2010, depois de ter também liderado a criação da Liga dos campeões asiática.
Para vencer o desafio de Zurique, tem de obter dois terços dos votos das 208 nações membro da FIFA – 138 delas –, o que significaria uma mudança tremenda na base de apoio de Blatter, que foi eleito por aclamação em 2007 (pelos 208 membros), mesmo assim encara o ato eleitoral como um exemplo de democracia e de seriedade.
Bin Hammam, de 61 anos, é o primeiro dirigente a desafiar Blatter em quase 10 anos. Em 2002, o suíço ganhou no escrutínio sobre o presidente da confederação africana, o camaronês Issa Hayatou (139 votos contra 56). Blatter chegou à presidência ao derrotar o sueco Lennart Johansson, em 1998, depois de o então presidente da UEFA ter conseguido 80 votos, contra os 111 do suíço.