O primeiro ano de Fernando Gomes na presidência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), que se cumpre terça-feira, fica marcado pela consensualidade e por fórmulas de gestão mais profissionais no sentido da estabilidade financeira dos clubes.
Ao contrário de Hermínio Loureiro, seu antecessor e personalidade com um perfil vincadamente mais político que de gestão, Fernando Gomes fez-se acompanhar na Liga pelos modelos que há muito haviam provado o seu sucesso no desporto de competição e profissional, após longos anos ligados à administração da SAD e direção do FC Porto.
“Sou economista, sou determinado, sou portista e sou perfeccionista. Gosto muito de desporto e adoro futebol”, disse no seu discurso da tomada de posse, a 07 de junho de 2010.
Mas, foi com a frase “Quero um futebol livre” que rapidamente se percebeu que não cederia a pressões, viessem elas dos “grandes” – Benfica e Sporting revelaram apoio público, FC Porto absteve-se – ou dos agentes desportivos e económicos que gravitam em torno do futebol luso.
Mantendo a liderança da Comissão de Arbitragem com Vítor Pereira e dispensando Ricardo Costa da Comissão Disciplinar (protagonista de interpretações dos regulamentos que redundaram nas maiores polémicas dos últimos anos), Fernando Gomes não enveredou por clivagens fortuitas.
Promoveu a alteração de estatutos do organismo e tornou-se no primeiro presidente profissional e remunerado na Liga, criando ainda o Conselho dos Presidentes, que terá a sua terceira reunião a 30 de junho.
Se parece estar ganha a aposta numa “coluna vertebral” do organismo que mantém a equidade desportiva e competitiva, é nos aspetos financeiros que o mandato de Fernando Gomes parece marcar mais pontos.
Aprovou o Sistema de Incentivos Financeiros, isto é, um conjunto de medidas no sentido da sustentabilidade do futebol profissional, que proporcionou o aumento das receitas da Taça da Liga, permitindo o incremento de verbas significativas para os orçamentos dos clubes da Liga de Honra.
Dos 18 clubes ajudados na segunda fase do sistema, 11 são da Liga de Honra, o que consistiu num investimento total, por parte da Liga, de 1,5 milhões de euros.
Ainda no capítulo dos “cifrões”, a presidência de Fernando Gomes celebrou novos contratos de patrocínio para as três provas que gere - os dois campeonatos profissionais e a Taça da Liga – aumentando em 25 por cento os prémios aos clubes, num valor global de 3,8 milhões de euros.
O conjunto de medidas já em curso ou a promover no futuro imediato visa a antecipação de eventuais problemas que venham a ser criados com a entrada paulatina do “fair-play” financeiro desportivo, que evitará situações que redundam em concorrência.
Para isso, garantiu que ia estudar “de forma profunda a realidade do futebol profissional e até 30 de junho, segundo informações recolhidas pela Agência Lusa junto da Liga, Fernando Gomes apresentará aos clubes essa análise.
Entre as inúmeras intervenções do novo presidente da LPFP durante os seus primeiros 365 dias, destaque ainda para o papel desempenhado na alteração de Estatutos da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
Como que a “brindar” uma época de mudança, este primeiro ano fica marcado pelo excelente desempenho desportivo das equipas portuguesas nas provas europeias, culminando com a final de Dublin, entre dois emblemas nacionais: FC Porto (vencedor) e Sporting de Braga.