Benfica conquistou a 4ª edição da Eusébio Cup depois de vencer o Arsenal por 2-1. Van Persie marcou para os londrinos na primeira parte, Pablo Aimar e Nolito operaram a reviravolta no segundo tempo.
O treinador do Benfica teve de lançar mão dos “baixinhos” na segunda parte para dar a volta ao jogo e ao resultado (2-1) e assegurar hoje a conquista da Eusébio Cup em futebol frente ao Arsenal.
De uma penada, Jorge Jesus lançou no ataque os “baixinhos” Nolito, Aimar, Gaitán e Saviola e trocou no “miolo” o “pinheiro” Matic pelo versátil belga Witsel, o que transformou radicalmente o futebol da equipa após o intervalo.
Para se ser rigoroso, há que reconhecer que o Arsenal da segunda parte também não foi o mesmo da primeira, em face das alterações introduzidas pelo técnico Arséne Wenger, nomeadamente as saídas de Arshavin e de Van Persie.
No entanto, esse facto não minimiza a metamorfose que sofreu o futebol ''encarnado'' na segunda parte com a entrada em campo dos seus jogadores tecnicamente mais valiosos, versáteis, velozes, de baixo centro de gravidade e difíceis de travar.
Por outro lado, as alterações que Jesus procedeu ao intervalo permitiram ao Benfica ser uma equipa muito mais equilibrada em termos táticos, ter posse de bola e profundidade ofensiva, aspetos em que falhou rotundamente durante a primeira parte, na qual nunca foi capaz de sair a jogar com segurança.
No plano tático, o Benfica passou a ter, ao invés do primeiro tempo, dois extremos (Gaitán e Nolito), um número 10 (Aimar) e um ponta de lança móvel (Saviola), sem sacrificar dois médios de marcação (Javi e Witsel).
A transformação cedo deu frutos, cinco minutos após o intervalo, quando Aimar, numa jogada de Gaitán à linha, anulou o golo de vantagem do Arsenal, marcado por Van Persie, aos 34 minutos.
Com um número 8 (Witsel) capaz de marcar e de “esticar” o jogo e com quatro virtuosos como Nolito, Aimar, Gaitán e Saviola, o Benfica passou a criar grandes dificuldades ao Arsenal com a sua circulação de bola rasteira e capacidade de ganharem lances e provocar desequilíbrios.
Quando Nolito assinou o segundo golo, aos 60 minutos, já o Benfica o justificava, tendo precisado de apenas um quarto de hora para dar a volta ao jogo. De resto, o resultado acabou por se revelar lisonjeiro para os ingleses, visto que o Benfica criou oportunidades para o ampliar.
O treinador do Benfica lavrou num equívoco durante toda a primeira parte, ao pretender conciliar dois médios defensivos com dois pontas de lança, opção esta que comprometeu a eficácia das transições ofensivas.
Percebe-se a opção por dois médios de cobertura face a uma equipa de “top” mundial como o Arsenal, que se desdobra num 4x1x4x1 quando ataca, com Gervinho e Arshavin sobre as alas e Rosicky e Ramsey pelo meio, sobre cuja marcação Jesus encarregou Javi Garcia e Matic.
No entanto, ao pretender jogar com dois pontas de lança – Jara mais móvel no apoio a Cardozo –, Jesus condicionou o raio de ação do seu número 10, Bruno César, forçado quase sistematicamente a cair para uma das alas, para equilibrar a equipa que só tinha um de raiz, o argentino Enzo Perez.
O médio brasileiro, jogador com características de armador de jogo, mas de curto raio de ação, andou toda a primeira parte à deriva, sem encontrar uma posição em campo que lhe permitisse pegar no jogo e ser o elo de ligação entre o meio-campo e o seu ataque.
A agravar as dificuldades do Benfica nas saídas para o ataque o facto de o “pinheiro” Matic ser claramente um jogador tecnicamente limitado, inseguro no passe e incapaz de sair a jogar e penetrar terrenos mais adiantados.
Ficha do Jogo:
Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa.
Benfica – Arsenal, 2-1.
Ao intervalo: 0-1.
Marcadores:
0-1, Van Persie, 34 minutos.
1-1, Aimar, 50.
2-1, Nolito, 60.
Equipas:
- Benfica: Eduardo (Artur, 46), Ruben Amorim (Ruben Pinto, 86), Luisão (Fábio Faria, 89), Garay (Jardel, 46), Emerson (Capdevila, 46), Javi Garcia (David Simão, 90+1), Bruno César (Nolito, 46), Matic (Witsel, 46), Enzo Peres (Gaitan, 46, Urreta, 86), Cardozo (Aimar, 46) e Jara (Saviola, 46, Mora, 86).
(Suplentes: Artur, Nolito, Aimar, Nuno Coelho, Gaitan, Rodrigo Mora, Urreta, David Simão, Witsel, Saviola, Jardel, Ruben Pinto, Capdevila, Fábio Faria e Varela).
- Arsenal: Szczesny (Fabianski, 46), Sagna (Jenkinson, 46), Djourou (Squillaci, 46), Vermaelen (Miguel, 85), Gibbs (Traoré, 56), Rosicky (Lansbury, 66), Song (Frimpong, 46), Ramsey, Arshavin (Miyaichi, 46), Van Persie (Chamakh, 46) e Gervinho.
(Suplentes: Fabianski, Squillaci, Jenkinson, Chamakh, Traoré, Frimpong, Miyaichi, Lansbury e Miguel).
Árbitro: Duarte Gomes (AF Lisboa).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Rosicky (22), Garay (40) e Vermaelen (76).
Assistência: 40.883 espetadores.