O presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), Joaquim Evangelista, acredita que a aposta maioritária em estrangeiros no campeonato nacional acontece devido à pressão para a obtenção de resultados desportivos imediatos e ao fator financeiro.
''Muitas vezes aposta-se no jogador estrangeiro por duas razões: pelos resultados desportivos imediatos, porque a maioria dos dirigentes acha que o jogador estrangeiro chega cá e resolve o problema desportivo, e pelo aspeto económico e os negócios diretos e indiretos que se fazem à volta do futebol'', defendeu à Agência Lusa Evangelista.
O dirigente sindical não se mostrou surpreso pelo facto de 61 por cento dos minutos disputados até à 10.ª jornada serem da responsabilidade de jogadores estrangeiros, uma vez que ''os dados estavam lançados'' desde que o mercado fechou a 31 de agosto, com 58 por cento dos jogadores inscritos a serem de origem internacional.
''É aquele provérbio: santos da casa não fazem milagres'', fez notar, relembrando que o jogador português, hoje em dia, é reconhecido em todos os campeonatos e tido como um dos mais valorizados ativos.
O problema, de acordo com o presidente do SJPF, é que, muitas vezes, os clubes da Liga portuguesa de futebol não têm a paciência e não dão tempo aos jovens para fazer a sua formação desportiva adequadamente.
''Os mecanismos de transição também não são os mais adequados, por isso está a ser novamente discutido o modelo das equipas B. Obviamente que um jogador, por mais qualidade que tenha, colocado a jogar fora do enquadramento que deve terá mais dificuldade em ter sucesso'', completou.
Evangelista recordou que o SJPF tem apelado aos dirigentes e aos treinadores para que haja uma aposta efetiva no jogador português no sentido de o valorizar, de modo também a contribuir para minimizar os encargos dos clubes.
De acordo com o dirigente sindical, a aposta no jogador português traz mais vantagens que a aposta massiva em jogadores estrangeiros.
''Isto não é nada contra os jogadores estrangeiros'', alertou, indicando que vê ''com bons olhos a contratação de bons jogadores'', só que a regra é contratar independentemente da qualidade, o que não é benéfico para o campeonato nacional.
Para Evangelista, não há nenhuma relação direta entre os jogadores nacionais e os resultados das equipas.
''O cruzamento de jogadores portugueses e estrangeiros é vantajoso, tem é de haver um justo equilíbrio. O que defendemos há muito tempo é que haja um equilíbrio e o que se verifica é que há uma aposta massiva em jogadores estrangeiros'', disse.
O presidente do SJPF apelou às instituições portuguesas ligadas ao futebol para fazerem a defesa do jogador nacional, numa altura ''difícil'', em que outros setores da vida pública apelam à aposta nos produtos portugueses.
Depois competirá aos clubes fazer, a cada momento, a defesa dos seus interesses. ''Mas a aposta mais correta a médio prazo é nos jogadores nacionais'', concluiu.