O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) sublinhou hoje que aquela indústria ''não vai ficar imune à crise'' e enumerou como dificuldades o aumento das taxas de juro, as cargas fiscais e o acesso ao crédito.
''O futebol, como setor de atividade da economia, vai sofrer com a crise em que o país está mergulhado'', referiu Fernando Gomes, após a abertura do Football Talks Portugal2011, congresso internacional a decorrer em Cascais.
Fernando Gomes disse que o aumento das taxas de juro, o IVA e a retenção de IRS e o acesso limitado ao crédito bancário são problemas que se colocam e pediu ''aos dirigentes dos clubes para ajustarem práticas para não sofrerem agruras''.
''Só podemos gastar o que tivermos e não gastar o que não se tem'', sustentou o presidente da LPFP, admitindo, no entanto, ''algumas atitudes de risco''.
Neste contexto, Fernando Gomes aludiu aos investimentos de Benfica, FC Porto e Sporting, considerando que os mais de 100 milhões de euros gastos no início da época até setembro foram justificados.
''Os três `grandes´, mais o FC Porto e o Benfica, têm tido uma atuação de maior risco, mas sustentada numa competência ao nível do desenvolvimento do próprio futebol e da sua capacidade de competir ao mais nível em termos europeus, que tem permitido receitas adicionais e equilibrarem essa exploração'', afirmou.
No entanto, o presidente da LPFP assinalou que o investimento foi realizado ''muito à base de endividamento'', reiterando a necessidade de ''todos ajustarem as práticas para não se ter dissabores no futuro'', até porque, ressalvou, ''o acesso a capitais alheios vai ser mais restritivo''.
Um dia depois de a seleção portuguesa ter garantido a qualificação para o Euro2012, Fernando Gomes acentuou que é ''estimulante o sucesso que os clubes e a seleção têm tido'', importante para ''a realidade do futebol português''.
''Ontem [terça-feira], tivemos um exemplo relativamente a essa questão da sustentabilidade e do equilíbrio de exploração que têm reflexo direto na Federação Portuguesa de Futebol e também reflexo indireto na valorização dos nossos jogadores'', afirmou.
O Football Talks Portugal2011 decorre até sexta-feira numa unidade hoteleira de Cascais, na sequência das conclusões de um estudo da Universidade Católica sobre o futebol português.
''As conclusões foram apresentadas de uma forma não positiva. Temos de ajustar a nossa forma de agir para continuar numa base de sustentabilidade e rigor, essencial para que a indústria do futebol português continue a ter reconhecimento internacional de uma forma positiva'', disse.
Como ideias a adotar, Fernando Gomes referiu a necessidade de ''sustentabilidade'' do negócio, a reformulação dos quadros competitivos e ''a procura de novos mercados''.