O Governo inglês e a União Europeia insurgiram-se hoje contra as declarações de Sepp Blatter, presidente da FIFA, convidando-o a resignar ao cargo pelas suas declarações, em que desvalorizou os insultos racistas durante os jogos de futebol.
Segundo a agência noticiosa AP, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, considerou “terríveis” as palavras de Blatter, que em entrevista televisiva, na quarta-feira, sugeriu que os abusos raciais entre jogadores se deviam resolver com um aperto de mão e um pedido de desculpa no final.
“Este não é um momento para complacências”, disse o chefe do governo inglês, para quem as declarações de Blatter “sugerem que o racismo deve ser aceite como parte do jogo”.
As tomadas de posição do governo britânico acontecem um dia depois de Luís Suarez, avançado uruguaio do Liverpool, ter sido acusado pela Federação Inglesa de Futebol (FA) por alegado comentário racista dirigido a Patrice Evra, lateral esquerdo francês do Manchester United.
Por sua vez, o ministro inglês do Desporto, Hugh Robertson, sugeriu mesmo a demissão de Blatter, “para benefício do futebol”.
“Este é o último episódio a questionar o facto de este homem ser o máximo responsável pelo futebol mundial”, afirmou o governante.
Em Bruxelas, o porta-voz da União Europeia, Dennis Abbot, considerou as palavras de Blatter “totalmente inaceitáveis”.
“Não está nada bem que haja insultos racistas nos terrenos desportivos, que se apertem as mãos a seguir e que se acabe tudo com um simples ‘ok’”, disse Abbott à AP.
Sepp Blatter é especialmente visado pela sua declaração na entrevista à estação televisiva Fox Soccer New, descrevendo esse género de incidentes entre jogadores como “linguagem ordinária”.
“Não me estou a referir a discriminação, mas sim a linguagem ordinária”, disse o presidente da FIFA, tendo ainda referido que “quando o jogo acaba, aqueles que foram ordinários devem cumprimentar-se com um aperto de mão e desculpar-se, pois é isso que pretendem mesmo”.
Andy Cole, antigo avançado do Manchester United, escreveu num jornal britânico: “Não conheço nenhum jogador negro que compreenda o que Blatter está a tentar dizer e, pessoalmente, considero-o bastante ofensivo”.
Também o antigo internacional francês Sidney Gouvou, citado pela AP, afirmou que Blatter “cometeu um erro enorme”.
“Não podemos transformar o racismo numa coisa trivial, é algo muito sério”, afirmou o jogador.