O antigo defesa e “capitão” do Benfica António Veloso reconheceu hoje, 25 anos depois dos 7-1 sofridos em Alvalade, que os “encarnados” só queriam que o jogo acabasse, perante a “avalanche” ofensiva do Sporting.
“Nunca tive uma derrota tão grande como aquela... nem parecida”, afirmou Veloso, em declarações à agência Lusa, recordando o desaire sofrido pelo Benfica, a 14 de dezembro de 1986, no “derby” da 14.ª jornada do campeonato.
Os “encarnados”, comandados por John Mortimore, ainda só tinham perdido uma vez nessa época, em Bordéus, por 1-0, na segunda mão da segunda eliminatória da Taça das Taças, sendo afastados da competição, e apenas tinham cedido três empates forasteiros no campeonato (FC Porto, Marítimo e Salgueiros).
Apesar de assinalar o “resultado anormal”, Veloso assegura que “não deixou muitas marcas”, rematando: “Acabámos por ser campeões na mesma”.
“Foi um jogo triste para o Benfica, um daqueles jogos que acontece de vez em quando, como aconteceu mais tarde com o 6-3. Não é uma coisa do outro mundo, foi só um jogo com um resultado expressivo, que não traduz a diferença entre as duas equipas. Foi só um jogo em que nos sentimos mal, não só porque perdemos 7-1, mas porque perdemos os pontos que estavam em disputa”, salientou Veloso.
O antigo defesa central “encarnado” não encontra explicações para a goleada, que só ganhou estes contornos nos últimos 30 minutos, depois de “um jogo bastante equilibrado”.
Mário Jorge e Manuel Fernandes deram avanço aos “leões”, aos 15 e 50 minutos, respetivamente, antes de Wando reduzir para as “águias”, aos 59. E, por isso, “nada fazia prever que na segunda parte fosse o descalabro que foi”, recordou Veloso, admitindo que a “desorganização defensiva e coletiva” abriu caminho à goleada.
“Os golos começaram a aparecer e cada vez que a bola ia à baliza era um golo, começou a ser um pouco doloroso, nós queríamos era que o jogo acabasse porque não nos conseguíamos concentrar ao ponto de fazer parar a avalanche do Sporting”, frisou Veloso, aludindo aos tentos de Ralph Meade (65), Mário Jorge (68), e Manuel Fernandes (71, 82 e 86).
Antes de receber o “rival”, o Sporting, de Manuel José, já contava três derrotas (Belenenses, FC Porto e Marítimo) e dois empates (Rio Ave e Boavista) no campeonato e já estava afastado da Taça UEFA, depois de uma eliminatória renhida com o FC Barcelona, que seguiu para a terceira eliminatória depois de vencer em casa por 1-0 e perder em Alvalade por 2-1.
“Tentar descobrir não adianta, porque não se consegue. Naturalmente estávamos frustrados por não termos ganho e também estávamos tristes por termos sofrido tantos golos. Ninguém gosta de perder pela diferença que perdemos, havia um sentimento de tristeza no balneário, apesar de o campeonato já não nos fugir”, sublinhou Veloso.
Depois desta goleada, na única derrota “encarnada” nas competições internas, a “vingança” foi servida quase três meses depois, no Estádio da Luz, o Benfica foi implacável e afastou o Sporting nos quartos de final da Taça de Portugal, ao bater os “leões” por 5-0.