A Federação Portuguesa de Futebol iniciou o ano de 2011 com eleições marcadas para 05 de fevereiro, mas o sufrágio que colocou fim ao “reinado” de Gilberto Madail e “coroou” Fernando Gomes só se realizou em 10 de dezembro.
Quase dois anos depois do prazo estipulado na lei, o organismo adaptou finalmente os estatutos ao Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD), que entrou em vigor a 31 de dezembro de 2008 e determinava a obrigatoriedade de adequá-los até 27 de julho de 2009.
O imbróglio só chegou ao fim a 21 de maio deste ano, com a aprovação da ata da Assembleia-Geral (AG) que se iniciou em 19 de março e terminou em 30 de abril.
Primeiro, os sócios ordinários viabilizaram na generalidade a alteração dos estatutos, depois, aprovaram os três pontos que ficaram “suspensos”, sobre o recurso ao método de Hondt para a eleição dos Conselhos de Arbitragem, Disciplina, Justiça e Fiscal, acerca da composição da AG e a definição e direitos de votação dos delegados na AG e o regulamento eleitoral.
Nessa altura, a FPF estava “ameaçada” por uma ação interposta pelo Ministério Público (MP), que “forçava” a alteração estatutária, e pela “pressão” de adequar os estatutos aos modelos preconizados pela FIFA, além de ter a sua Utilidade Pública Desportiva suspensa pelo Governo.
Só com os novos estatutos, e com a recuperação da Utilidade Pública Desportiva, a FPF desencadeou o processo eleitoral que culminou com a vitória de Fernando Gomes frente a Carlos Marta, nas eleições de 10 de dezembro.
Gilberto Madail, que presidiu à FPF desde março de 1996, durante quatro mandatos, ainda ponderou recandidatar-se em janeiro, caso os estatutos fossem adaptados ao RJFD, mas acabou por não avançar.
A mesma posição foi assumida pelo presidente da Câmara Municipal de Sintra, Fernando Seara, enquanto o da Associação de Futebol de Coimbra, Horácio Antunes, decidiu avançar para a liderança federativa, mas desistiu a 27 de janeiro para que o ato eleitoral marcado para fevereiro, que não se realizou por inexistência de listas, só ocorresse após o debate estatutário.
A discussão, que já ia longa, prosseguiu a 29 de janeiro com o “chumbo” na generalidade da revisão dos estatutos da FPF, submetida pela LPFP, por “insuficiência de maioria qualificada” pelos sócios ordinários do organismo.
Dos 500 votos, 353 foram a favor, o que correspondia a 70,6 por cento – quando eram necessários 75,0 por cento mais um –, e 147 contra (29,4 por cento).
Foi preciso aguardar mais três meses para que a alteração estatutária ficasse concluída e só a 07 de julho a Direção da FPF decidiu, “por unanimidade”, pedir à Comissão Eleitoral que desencadeasse o processo eleitoral “no mais curto prazo de tempo possível”.
A calendarização feita, mediante as novas diretrizes estatutárias, “empurrou” as eleições para 10 de dezembro, depois de ser constituída nova AG, com a eleição e posse de novos delegados.
Para este sufrágio também avançaram António Sequeira, ex-secretário-geral da FPF, e Filipe Soares Franco, antigo presidente do Sporting, mas ambos acabaram por desistir, e só foram a votos Fernando Gomes, então presidente da Liga de clubes, e Carlos Marta, presidente da Câmara Municipal de Tondela.
Gomes acabou por vencer a “corrida”, ao conquistar 46 votos contra 36 de Marta, conseguindo eleger os presidentes da Mesa da AG, José Luis Arnaut, e de todos os Conselhos, com Vítor Pereira na Arbitragem, Herculano Lima na Disciplina, Manuel dos Santos Serra na Justiça e Ernesto Ferreira da Silva no Fiscal.