Os clubes de futebol profissional admitiram na sexta-feira a possibilidade de recurso aos tribunais caso falhe o acordo com o Estado para resolver a questão das dívidas do Totonegócio, mas o governo mantém o silêncio a esta advertência.
“O que o governo, na pessoa do ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, tinha a dizer, foi dito há dias. Não me compete acrescentar seja o que for”, sintetizou o Secretário de Estado da Juventude e desporto.
Apesar da insistência dos jornalistas, Alexandre Mestre, que se apresentou no Porto no Fórum do Treinador de Futebol e Futsal, persistiu no silêncio.
Miguel Relvas tinha dito que os clubes de futebol “não estão acima da lei”, o mesmo argumento utilizado por estes para denunciar a “responsabilidade” do Estado no seu incumprimento fiscal.
Os 30 milhões ainda em dívida são o resultado do desvio das receitas previstas pelo Estado que os clubes receberiam anualmente pelo totobola a partir de 1999, ano em que foi estabelecido um acordo para pagamento das dívidas fiscais anteriores a 1996.
Na sessão que juntou os técnicos José Peseiro, Manuel Cajuda, Bernardino Pedroto e Henrique Calisto, o treinador do Paços de Ferreira disse que “este governo criou a ideia de que o futebol deve ao fisco e isso não é verdade, pois paga 100 milhões todos os anos”.
“É uma perceção. Por vezes criam-se ideias. Presto mais atenção aos factos, ao que é objetivo”, limitou-se a responder o governante.
Sobre o fórum dos treinadores, Alexandre Mestre reconheceu que estes agentes desportivos “têm cada vez mais força”: “Já vai o tempo em que se falava apenas dos jogadores. Agora reconhece-se que o papel do treinador é absolutamente decisivo”.
“Claramente, à sua maneira os treinadores portugueses são embaixadores de Portugal porque levam bem longe o nosso nome e quando vão lá fora regra geral triunfam. Só nos podem deixar regozijados. Temos uma rede de grandes treinadores por todos os continentes, com muita experiência e que criam laços de grande afetividade com as populações nas quais se inserem, sintoma da qualidade técnica e humana do cidadão português”, concluiu.