Quando abandonou o ciclismo português, David Blanco levava na mala o sonho de estar nas grandes Voltas, um sonho que viu fracassar, mas que não é motivo para arrependimentos.
«Arrependo-me do que não faço. Na vida há que tomar decisões e tomei essa, como podia ter tomado outra. No Tavira, as coisas estavam complicadas», recordou, definindo a época 2011 como boa em termos económicos e «um autêntico desastre» a nível desportivo.
Na Geox, que foi extinta um ano depois de ser criada, o ciclista de 36 ano esteve o ano todo na ânsia de fazer o seu melhor. «Como as coisas iam correndo mal eu forçava mais a situação. E no final, em vez de parar a bola e começar a jogar outra vez, a bola estava sempre perdida pela relva», esclareceu metaforicamente.
Na Volta a Itália, houve etapas em que, mesmo não estando muito na frente, pôde disfrutar do público e do percurso, na Volta a Espanha, ganhou por equipas e viu o colega Juan José Cobo vencer individualmente, o que deu para esquecer «um pouco» o mau rendimento individual.
«São experiências que uma pessoa vai metendo no baú», resumiu.
Longe do país onde era destacadamente o melhor ciclista, Blanco pôde comparar duas realidades bem diferentes: «Não tem nada a ver uma volta de três semanas, com uma de duas. Cada uma tem as suas dificuldades. Também é difícil ganhar na pista de Tavira, eu nunca consegui. Cada uma tem o seu valor».
A distância permitiu-lhe constatar também que a “sua” Volta já não é o que era.
«Do ano 2000 até 2010, havia muitas equipas em Portugal, de muito nível, e agora já não é assim. Antes, era uma das voltas mais complicadas de todo o calendário, neste momento já não», considerou o homem que em agosto quer lutar pela quinta vitória na Volta a Portugal em bicicleta.