As escolas de claques organizadas de futebol usam a organização e a paixão para entrar rapidamente no mundo da ''batucada'' do carnaval de São Paulo.
Pela primeira vez, o carnaval paulista tem três claques entre as 14 escolas de samba que vão competir sob os holofotes do sambódromo do Anhembi.
''Somos movidos à paixão. E isso faz toda a diferença'', afirma à Lusa Laryssa Antunes de Andrade, diretora da escola Dragões da Real, ligada ao clube São Paulo.
O número de filiados, que migram do futebol, e o respeito que pelas ordens da escola é a sua principal arma, acrescenta Paolo Bianchi, Diretor de Carnaval da Mancha Verde, afeta ao Palmeiras.
A trajetória de sucesso das duas agremiações é muito parecida. Desde que foram fundadas, como blocos (escolas menores, que participam em desfiles pequenos, em ruas da cidade), subiram vertiginosamente, vencendo cada grupo do Carnaval até chegarem ao Especial.
O sucesso também é garantido pela autonomia. As diretorias das claques organizadas e da escola de samba ligada a ela são separadas.
Já as dificuldades enfrentadas variam de escola a escola. Laryssa Antunes de Andrade conta que, como a mais nova escola do Grupo Especial, com apenas 11 anos, a Dragões não encontrou um patrocinador.
''Não temos incentivo de empresa privada, nem estrutura física completa. Trabalhamos muito, e com muita seriedade, para seguir em frente'', diz.
A ideia de fundar a escola surgiu noutra paixão brasileira: a festa. ''Muita gente desfilava em outras escolas, e sempre admiramos o samba. Num churrasco entre amigos, pensámos em fazer a nossa'', lembra a diretora.
A Mancha Verde também é jovem, com 17 anos de idade. E tem uma história intimamente ligada ao futebol.
''Em 1995, a torcida estava banida dos estádios por conta de brigas. A entidade não tinha mais porque existir, e tínhamos de fazê-la sobreviver. Então, surgiu a escola'', conta Bianchi.
A rivalidade também ajudou: na época, a corinthiana Gaviões da Fiel já desfilava na elite do samba paulistano. ''Isso nos fez ter mais vontade ainda de competir'', revela.
As lutas foram deixadas para trás, e substituídas pela dança e pela alegria. Bianchi orgulha-se de nunca ter visto um confronto na sua claque do sambódromo, e atribui o feito ao controle que a escola exerce sobre os seus membros.
Mais estabelecida no Grupo Especial, a Mancha não enfrenta problemas de estrutura. Mas ainda tem o que melhorar. ''Se nos comparamos com as escolas tradicionais, com décadas de fundação, não temos a mesma vivência. Ainda estamos aprendendo a fazer samba, mas vamos chegar lá'', afirma.