Cinco chineses, quatro dos quais de Hong Kong, têm uma fortuna superior a 10 mil milhões de dólares (7,61 mil milhões de euros), figurando entre os 83 homens mais ricos do planeta, segundo um estudo divulgado hoje na imprensa chinesa.
O único chinês do continente que integra aquele grupo, o empresário Zong Qinghou, é também delegado à Assembleia Nacional Popular, a ''expressão máxima da democracia socialista'' na China, cuja reunião anual decorre até 14 de março no Grande Palácio do Povo, em Pequim.
Presidente do Wahaha Group, um grande fabricante de refrigerantes, sedeado em Hangzhou, leste da China, Zong Qinghou é detentor de uma fortuna estimada em 10,5 mil milhões de dólares (7,99 mil milhões de euros), indicou o Hurun Research Institut.
É muito, mas não chega a metade do que possui o mais rico dos seus compatriotas, Li Ka-shing, de Hong Kong, que ocupa o 13º lugar do ranking mundial, encabeçado pelo mexicano Carlos Slim, cuja fortuna foi avaliada em 55 mil milhões de dólares (41,8 mil milhões de euros).
O ''patrão'' do Wahaha Group não é o único milionário da Assembleia Nacional Popular, o ''supremo órgão do poder de Estado'' na China, com cerca de 3.000 delegados, ou da Conferência Política Consultiva do Povo Chinês, uma espécie de senado sem poderes legislativos, cuja sessão anual decorre também nesta altura do ano.
Pelas contas da agência norte- americana Bloomberg, a fortuna dos 70 parlamentares mais ricos da China, estimada em 565,8 mil milhões de yuan (68,22 mil milhões de euros), é superior à dos 535 membros do Congresso dos Estados Unidos, do presidente norte-americano e respetivo gabinete, e dos nove juízes do Supremo Tribunal.
São números inesperados num país oficialmente fiel ao marxismo- leninismo e que evidenciam uma das grandes fontes de descontentamento popular na China: o agravamento das diferenças sociais.
Nas últimas três décadas de ''Reforma e Abertura'', a economia chinesa cresceu em média 9,9 por cento ao ano, libertando centenas de milhões de pessoas da miséria.
Ao mesmo tempo, o coeficiente Gini, que avalia a disparidade de rendimentos, subiu de 0.317 para 0.47, acima da fasquia internacionalmente aceite como garantia de estabilidade social (0.4) e dos principais países europeus, como a Alemanha (0.28) ou a França (0.32), disse um líder do Partido Comunista Chinês.
Em 2011, o rendimento anual per capita nas zonas urbanas da China subiu 8,4 por cento, para 21.810 yuan (2.630 euros), e nas zonas rurais cresceu 11,4 por cento, para 6,977 yuan (840 euros).