O presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) reiterou hoje a sua oposição ao alargamento dos campeonatos principais, sublinhando a necessidade de rever a forma de licenciamento dos clubes, num contexto generalizado de salários em atraso.
“Pela enésima vez, a posição do sindicato é a de que não faz sentido esta proposta ser discutida desta forma. Sobretudo, não faz sentido na conjuntura económica que o país e o futebol, em particular, atravessam. Duvido que a Liga de clubes consiga garantir o cumprimento das obrigações dos clubes”, afirmou Joaquim Evangelista, à margem de uma conferência sobre racismo.
Depois de a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) ter “chumbado” uma primeira proposta da Liga de clubes no sentido de alargar as provas, sem despromoções à Liga de Honra já esta época, uma nova reunião entre os responsáveis das equipas e dirigentes da FPF, na terça-feira, resultou em alguma abertura para se estudarem novas propostas.
“O licenciamento dos clubes pela Liga de clubes é o calcanhar de Aquiles do futebol português porque quem implementa o modelo de licenciamento não tem independência para o fazer valer. O licenciamento devia ser entregue a uma entidade externa”, continuou Evangelista.
O dirigente do SJPF alertou para o facto de existirem clubes, neste momento, com “três a quatro meses de salários em atraso da época passada e já desta temporada também”, adiantando que “houve habilidades” para contornar os regulamentos e essas equipas poderem participar nas provas.
“É criminoso dizer a um trabalhador que vai ter ali uma oportunidade e depois deixá-lo pendurado”, frisou, esclarecendo que cerca de “80 por cento dos clubes” dos dois campeonatos profissionais portugueses estão, neste momento, em falta para com os seus jogadores, “entre um e cinco meses de salários em atraso”.