O plantel da União de Leiria avançou com um pré-aviso de greve, após a reunião de hoje com o Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), que decorreu no Estádio Municipal da Marinha Grande.
Os jogadores decidiram continuar a treinar diariamente, mas, ''se não for efetuado o pagamento de três meses de salário a todo o plantel até à véspera de cada um dos jogos em falta'', a equipa decidirá ''pelo recurso à greve sob forma de paralisação total do trabalho aos jogos frente ao Feirense, Benfica e Nacional'', disse em conferência de imprensa o presidente do SJPF, Joaquim Evangelista.
O objetivo é ''obrigar a entidade patronal a regularizar o incumprimento salarial'' e ''obrigar o Governo e as entidades competentes, nomeadamente a Liga de clubes e a Federação Portuguesa de Futebol a uma intervenção firme, legislando e regulamentando o incumprimento salarial que coloca em causa a verdade desporto''.
Assim, a União de Leiria só defrontará o Feirense, no domingo, em jogo da 28.ª jornada da Liga, caso os referidos três meses de ordenados forem pagos até sexta-feira.
Joaquim Evangelista lembrou que a ''maioria dos trabalhadores da União de Leiria se encontra sem receber os valores correspondentes a quatro meses'', o que tem tido ''consequências graves ao nível pessoal, familiar e profissional''.
A posição dos jogadores surge após ''muitas insistências'' junto da SAD, sem que esta tenha tido ''uma resposta adequada'' e tendo em conta que o presidente da SAD, João Bartolomeu, ''se encontra demissionário''.
O SJPF denunciou ainda que, ''além do apoio material prestado pelo sindicato, os jogadores se encontram ao completo abandono''.
Joaquim Evangelista criticou também o silêncio da Liga e do Governo.
''A Liga é corresponsável porque autorizou este clube a competir. Exigimos que o presidente da Liga venha a público manifestar-se contra a vergonha dos salários em atraso'', disse o dirigente sindical, acrescentando que o Governo ''já teve oportunidade de se pronunciar sobre outros temas, como a arbitragem, e não o fez relativamente ao incumprimento salarial, que desacredita o futebol''.
O sindicato pede ainda à Liga que ''reveja os pressupostos de licenciamento, nomeadamente ao nível do controlo e sancionamento'' e ''crie mecanismos de solidariedade financeira que ajudem os jogadores nestas circunstância a minimizar o problema''.
O presidente do sindicato admitiu que uma paragem no Campeonato ''possa causar perturbação nas competições porque pode influenciar resultados''.
Por isso, apela aos clubes e jogadores ''com mais protagonismo no futebol'' para que se manifestem e ''solidarizem'' com os colegas. ''Não podemos querer erradicar este problema com medidas avulsas. É preciso uma posição consistente e regular destes jogadores'', sublinhou.
Apesar do pré-aviso de greve, Joaquim Evangelista admitiu que possam ocorrer mais rescisões, depois de cinco jogadores terem já quebrado os contratos unilateralmente com a União de Leiria, devido aos salários em atraso.