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Formação do Varzim SC: Um caso de sucesso singular

Ponto prévio: o futebol mundial (e, mais especificamente, o futebol português) vive uma crise no que diz respeito à formação de jovens jogadores. Não há aposta por parte da maioria dos clubes portugueses em ensinar aqueles que serão o futuro da modalidade, tanto a nível nacional como à escala global. As razões? Diversas e explicáveis. A formação custa dinheiro (poucos pensam no lucro a longo prazo), as apostas no mercado de transferências tendem a ser pensadas para o imediato e a gestão de plantel da maioria das equipas é simplesmente ridícula.

Formação do Varzim SC: Um caso de sucesso singular

E é neste panorama caótico, em que os “contentores” de jogadores vindos da América do Sul enchem diariamente as primeiras páginas dos jornais desportivos que um clube português sobressai pelo bom exemplo de uma estrutura de futebol que consegue obedecer aos princípios de formação de jovens atletas e, simultaneamente, manter grande competitividade e culto de vitória. Esse clube é o Varzim Sport Clube.

Comecemos por um pouco de história: o Varzim SC surge no dia 25 de Dezembro de 1915, na Póvoa de Varzim. No início era um clube com objectivos puramente amadores. Constituído na sua maioria por trabalhadores do ramo da pesca e que apenas treinavam ao fim da tarde, o clube cedo reformulou a sua filosofia existencial e formou a primeira equipa profissional em 1930, dois anos antes da construção do primeiro estádio oficial do clube. Por entre várias flutuações entre a Primeira Liga, a Liga Vitalis (hoje, Orangina) e a II divisão, o clube conta no seu palmarés com um campeonato Nacional da II de Honra e quatro campeonatos Nacionais de II divisão, os equivalentes à actual liga Orangina. E é com a profissionalização do seu futebol que surgiu um sector pouco explorado pelo resto dos clubes em Portugal: a formação e o ensino de jovens, as chamadas escolinhas.

Actualmente, o clube pode orgulhar-se de mais um êxito que ficará registado nas páginas da História da modalidade. Para além de uma muito aguardada subida de divisão para a Liga Orangina, o clube sagrou-se campeão de série, campeão de II divisão e ainda pode orgulhar-se de praticar um futebol fabuloso e invejável, desde o ataque até ao sector mais recuado. Para além disso, mais de 80% dos seus jogadores são jovens promessas, sendo que metade dos mesmos são formados nas escolas do próprio Varzim. No endereço electrónico do clube, uma frase destaca-se das restantes, resumindo aquilo que, no fundo, é a formação de jogadores: “Conseguir formar bons atletas e bons Homens, capazes de alcançar sucesso aos níveis desportivo, social e até económico, tem sido a maior vitória deste clube, ao longo dos seus anos de existência”.

Das dezenas de jogadores saídos das escolas da formação varzinista, destacam-se nomes como Bruno Alves e o seu irmão, Júlio Alves, que hoje em dia actuam no Zenit e no Besiktas, respectivamente, Mais recentemente, jogadores amplamente aclamados pela crítica como Salvador Agra (herói do último jogo da selecção-sub21); Yazalde, do Sporting Clube de Braga; Luís Neto, do Nacional da Madeira e Rafael Lopes, do Vitória de Setúbal. Se o Bétis de Sevilha, em Espanha, reconhece qualidade em Salvador Agra, porque não um Benfica, Porto, Sporting ou Braga?

A formação alvinegra é o exemplo de que, com as respectivas diferenças, não são apenas colossos como o Barcelona a possuir uma formação de sucesso. Ao êxito do Varzim, podemos associar o trabalho desenvolvido nas camadas jovens, factor de grande prestígio para um clube que merecia maior atenção da parte dos clubes grandes de Portugal e da comunicação social. Um caso de sucesso para qualquer apreciador de futebol ver e admirar.

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