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Euro 2012: Balanço da participação portuguesa na prova

Terminou a participação portuguesa no Euro 2012. A prestação da nossa selecção superou as expectativas de muita gente.

Euro 2012: Balanço da participação portuguesa na prova

Chegamos às meias-finais e fomos apenas eliminados nos penaltis contra a campeã do Mundo e da Europa. A competição fica marcada por uma excelente campanha da selecção portuguesa e pela hipocrisia dos adeptos, que de comentários e insultos à equipa, treinador e jogadores, adoptaram uma atitude de ''eu sempre acreditei nesta selecção'' quando as coisas começaram a correr melhor.

Para avaliar a campanha da selecção neste Euro, temos de começar com os jogos de preparação, contra a Macedónia e Turquia. Com um empate e uma derrota, respectivamente, a confiança dos portugueses era baixíssima e havia já muitos que diziam que Portugal nem ''da fase de grupos passava''. Os jogadores não queriam jogar, a equipa era fraquíssima, o treinador idem, o Ronaldo estava a jogar contrariado e éramos simplesmente muito fracos para competir no ''grupo da morte''. Iríamos inclusive perder contra a Dinamarca, a selecção supostamente mais acessível para uma equipa tão má como a nossa.

O primeiro jogo da fase de grupos, contra a Alemanha, custou-nos uma derrota, pese embora a boa exibição da selecção das quinas. Os mais críticos aproveitaram o deslize para apoiar aquilo que já tinham dito. Os mais atentos avaliaram não apenas o resultado, mas também a respectiva exibição, dizendo que a jogar assim poderíamos chegar mais longe. E assim foi. Bastaram duas vitórias e duas exibições bem conseguidas para que passássemos de bestas a bestiais, com a rapidez de um relâmpago. Infelizmente a hipocrisia é altíssima na massa adepta portuguesa, como já tinha sido provado no passado. Agora éramos invencíveis. Agora ninguém nos parava. Afinal tínhamos o melhor jogador do mundo! Afinal tínhamos um treinador de luxo e uma equipa invejável! Tínhamos tudo para ser campeões da Europa.

É aqui que se vê como realmente são os portugueses, que mudam de opinião como quem muda de camisa. Foquemo-nos em Cristiano Ronaldo. Um jogador não faz uma equipa, é certo, mas todos esperam exibições a roçar a perfeição do suposto melhor jogador português de todos os tempos. Na partida frente à Alemanha e até mesmo nos jogos de preparação foi duramente criticado, não só pelos falhanços, mas também pelas paupérrimas exibições que realizou. ''Merecia um jogo sentado no banco, para aprender!'' ouviu-se por aí ou até mesmo ''se lhe tirassem a braçadeira de capitão era a melhor coisa que faziam''. Nos jogos contra a Holanda e República Checa marcou, impressionou e de imediato se exigia que fosse eleito o melhor jogador do Euro e foram feitos cânticos de agradecimento ao jogador. Mais uma vez, uma hipocrisia de todo o tamanho.

Em termos de rendimento desportivo, Portugal superou as minhas expectativas. Foi com grande emoção que vi a equipa ser eliminada da competição, e fiquei com a sensação de que merecíamos disputar a partida de domingo. A nível colectivo, nota alta para a selecção de todos nós. Com uma coesão defensiva extraordinária e um meio campo bastante consistente, o nosso Portugal apenas peca no que diz respeito ao ataque. A nível individual, destaco três jogadores: Pepe, Moutinho e Coentrão. Sem dúvida merecem estar no 11 ideal deste Euro-2012. Pepe é simplesmente o melhor central do mundo, Moutinho foi um autêntico pulmão no nosso meio-campo (esteve praticamente em todo o lado no jogo contra a Espanha) e Coentrão este imperial no lado esquerdo da defesa. Foi com a ajuda destes três que chegamos onde chegamos. Quem mais desiludiu? Para mim Meireles, que esteve apagadíssimo durante todo o Europeu e Nani, que numa tentativa de se superiorizar a Cristiano Ronaldo esteve bastante trapalhão, falhando golos fáceis, passes decisivos e perdendo a bola infantilmente. Nota 19 para Paulo Bento, muito criticado pela imprensa antes do Europeu, que apenas errou na hora de substituir (com um banco fraco como o nosso, que mais podemos exigir?).

Exigia-se apenas um maior rigor não só na opinião do povo português, mas também naquilo que foi escrito nas semanas em que as exibições da selecção não foram as melhores. Porque devemos ser portugueses não apenas na hora da vitória, não apenas quando as coisas correm bem. Devemos ser adeptos fervorosos mesmo quando a equipa perde. Criticar quando devemos criticar, é certo, mas nunca perder a noção de que são aqueles jogadores que estão a dar o seu melhor para elevar o nome de Portugal por essa Europa fora, numa altura em que o país e o povo português tanto precisam de alegrias e força para continuar. Viva Portugal.

Confira aqui tudo sobre a competição.

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