O presidente da FIFA, Joseph Blatter, considerou hoje que o organismo tem de estar preparado para evitar situações de corrupção, como a que envolveu o seu antecessor, João Havelange.
“Para fortalecer o sistema judicial da FIFA devem ser dados alguns passos importantes. Estamos a criar dois órgãos na Comissão de Ética, um de instrução e outro de decisão. Na próxima semana, o Comité Executivo deverá nomear os presidentes destes órgãos”, afirmou Blatter, citado pelo sítio da FIFA na Internet.
Joseph Blatter garantiu que se dependesse apenas de si teriam sido divulgados todos os documentos relativos ao caso ISL, que provou que o ex-presidente João Havelange e o antigo líder da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira receberam subornos da empresa de marketing ISL.
“Por mim, todos os documentos poderiam ter sido divulgados, para pôr fim a todas as suspeições. No entanto, o tribunal entendeu que deveria manter no anonimato os nomes de terceiros não acusados”, explicou.
A FIFA divulgou na quarta-feira documentos que confirmam que João Havelange e Ricardo Teixeira receberam subornos da empresa de marketing ISL, que entretanto faliu em 2001.
Segundo o processo, Teixeira, que abandonou o cargo de presidente da CBF em março deste ano, terá recebido 13 milhões de dólares (cerca de 10 milhões de euros) em troca de vantagens para a ISL no processo de venda dos direitos de transmissão televisiva dos Mundiais.
Por seu lado, Havelange, presidente da FIFA durante 24 anos (1974-1998), recebeu um total de um milhão de euros da ISL um ano antes de deixar o cargo.
Confrontado com o facto de Havelange ser presidente honorário da FIFA, Blatter admitiu que apenas o congresso do organismo poderá pedir-lhe explicações sobre o assunto.
Entretanto, o Supremo Tribunal da Suíça ordenou, por achar que é do interesse público, a divulgação dos documentos que revelavam os nomes dos dirigentes que aceitaram subornos da ISL, num processo judicial que ficou encerrado em maio de 2010.
Na altura, Teixeira e Havelange chegaram a acordo com a justiça e pagaram 5,5 milhões de francos suíços para que os seus nomes não fossem divulgados.