O Partido Comunista Português (PCP) saudou hoje o esforço de todos os atletas portugueses nos Jogos Olímpicos Londres2012, pedindo ao Governo a criação de uma nova política para o desporto no país.
“O PCP saúda todos os atletas portugueses que integraram a representação olímpica do nosso país, valorizando todo o seu esforço, dedicação e trabalho realizado. Esta saudação é justa e merecida para os atletas que conquistaram medalhas olímpicas, mas é-o também para todos os demais atletas e técnicos da representação portuguesa, que deram o seu melhor, não obstante as dificuldades que enfrentam diariamente no nosso país”, refere o partido.
Em comunicado, o PCP considera que, “não obstante a sua consagração constitucional, o pleno direito à cultura física e ao desporto para todos, está longe de ser garantido pelo Estado que, promovendo a sua mercantilização, é responsável pelo facto de Portugal ser o país com a mais elevada taxa de inatividade física da União Europeia”.
“A realidade desportiva é marcada por uma separação entre a preparação de atletas de alta competição e o desporto de massas, porque este não tem os necessários apoios. E é, de facto, aí que reside a base indispensável para se promover políticas de alta competição”, afiança o PCP.
De acordo com os comunistas, “a intervenção do Estado limita-se cada vez mais a destacar eventos desportivo-comerciais que redundam em gigantescas operações de publicidade, sem nenhuma mais-valia para o desporto nacional”.
“Na realidade, ao invés de se investir na estrutura e infraestrutura desportiva, o atual Governo, como os anteriores, vira toda a sua intervenção para os fenómenos desportivos de entretenimento. O investimento numa rede de infraestruturas desportivas é feito ao sabor de clientelismos locais, clubísticos e económicos”, considera o PCP.
O PCP lembra que “há cada vez menos atletas federados” e que os clubes e coletividades vivem “em rutura financeira”.
“O desporto escolar está em risco para o ano letivo prestes a começar, diminuiu-se o peso da educação física nos currículos escolares e são ainda muitas as escolas básicas e secundárias que não dispõem de pavilhões gimnodesportivos ou de outras infraestruturas desportivas”, lamenta.
O PCP considera ainda “a inexistência de um programa e um projeto consistentes que assegurem o fomento da prática desportiva e a sua democratização, e o apoio ao desporto federado e de alta competição”.
“Todos estes factos são elementos a ter em conta na avaliação dos resultados da representação portuguesa nos jogos olímpicos de Londres. A responsabilização individual dos atletas que não conquistam medalhas e o aproveitamento político daqueles que conseguem melhores resultados são duas realidades igualmente injustas que não podem esconder os problemas de fundo”, conclui.