Meio-campo sem rotinas e ponta de lança em crise ditam desaire «leonino»

Os “leões” mudaram o seu sistema de jogo padrão em relação à época passada, com a introdução de um duplo ''pivot'' a meio-campo e de um médio mais solto e criativo, um n.º 10, alterações aparentemente não assimiladas e que se revelaram ineficazes perante um Rio Ave bem organizado defensivamente.

Sá Pinto tinha uma estrutura base bem diferente a época passada, com um “pivot” defensivo (André Santos, Elias ou Renato Neto) dois médios interiores (Elias ou Schaars e Izmailov), um ala e um falso ala, Matías Fernandez, que o Sporting negociou para a Fiorentina de Itália, ou dois alas puros, com o sacrifício de um dos médios interiores e a entrada de Carrilo.

Resolveu inovar esta época, talvez por ter novas opções, talvez por ter perdido Matias, com a opção por dois médios de cobertura (Gelson e Elias) e um médio criativo, um n.º10 (Adrien), mas o jogo de hoje mostrou que o jovem “leão” sem perfil nem características para desempenhar tal função.

Acresce, por outro lado, a crise de confiança que assola o jovem ponta de lança Wolfswinkel e ficou, mais uma vez, patente no seu rendimento em campo. A alternativa é o recém-chegado Valentin Viola, de 20 anos, a quem Sá Pinto recorreu hoje em desespero de causa, aos 73 minutos, a substituir Gelson.

Sá Pinto apostou tudo em ganhar o jogo pelos corredores laterais, através das constantes subidas dos laterais Cédric e Insua, mas o problema foi que Nuno Espírito Santo trazia a lição bem estudada e bloqueou as faixas, encostando Braga e Filipe Augusto na marcação direta aos dois laterais, acompanhando-os.

Paralelamente, Carrilo e Capel estiveram em tarde de pouca inspiração, também eles bem marcados por Lionn e Edimar (grande golo) e os seus constantes movimentos interiores não tinham sequência.

O problema do Sporting foi a escassez de unidades de incorporou no processo ofensivo pelo centro do terreno, deixando Adrien e Wolfswinkel quase sempre em situações de inferioridade numérica, uma vez que os dois médios de cobertura (Gelson e Elias) ficavam muito atrás, aparentemente para dobrar as subidas dos laterais.

O Rio Ave teve sempre superioridade numérica nessa zona do terreno e a partir de meio da segunda parte passou a incomodar o Sporting quando recuperava a bola, em rápidas transições ofensivas, como aconteceu aos 33, 38 e 40 minutos, sendo que nesta última situação surgiu o golo.

Uma explosão do lateral esquerdo Edimar (grande exibição), que correu com a bola uns bons 30 metros para a ceder a Del Vale e recebê-la na área para finalizar, ele próprio. O Sporting criou duas situações, aos 31 e aos 42, mas Wolfswinkel desperdiçou-as.

Na segunda parte, Sá Pinto trocou Elias e Adrien por André Martins e Labyad, o Sporting teve cerca de 10 minutos em que conseguiu imprimir mais agressividade e velocidade ao seu jogo, mas não tardou a voltar ao ritmo e a denotar os mesmos problemas da primeira parte.

André Martins fez de Elias, estranhamente muito preso de movimentos, aparentemente sem instruções para se soltar, e Labyad esteve pouco inspirado, pese embora o seu empenhamento.

É certo que o Sporting pressionou bastante no último quarto de hora, que criou algumas situações de aflição para a defesa vilacondense, mas a melhor oportunidade da segunda parte pertenceu ao Rio Ave, aos 59 minutos, com Del Vale a oferecer o golo a Braga, cujo remate frouxo Rui Patrício parou.