O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) defendeu hoje na Assembleia da República a centralização dos direitos televisivos dos campeonatos naquele organismo, que a concretizar-se “poderá duplicar ou mesmo triplicar” as verbas pagas aos clubes.
“Atualmente, os clubes auferem 63 a 64 milhões de euros. Num cenário de abertura da concorrência, com os direitos centralizados na Liga, o valor pode duplicar ou mesmo triplicar”, disse Mário Figueiredo, baseando-se num estudo económico pedido pela Liga a uma empresa britânica.
Na Comissão de Educação, Ciência e Cultura, o presidente da LPFP explicou que atualmente os direitos de transmissão são vendidos individualmente a um único operador, a Olivedesportos.
“Esse operador tem influência decisiva no mercado e detém participações em alguns clubes e na empresa que explora os direitos de televisão”, referiu o presidente da Liga, lembrando que “o Livro Branco do desporto da UE recomenda a centralização nas ligas”.
Perante os deputados da comissão, Mário Figueiredo criticou o sistema de monopsónio (várias entidades – clubes – vendem e só uma compra – Olivedesportos), considerando que o mercado atual dos direitos de transmissão viola as regras da concorrência.
O presidente da LPFP reiterou a intenção de apresentar queixa à Direção Geral de Concorrência da Comissão Europeia, de forma a conseguir uma abertura do mercado, e defendeu que “numa situação de mercado aberto, os clubes auferem mais” e os consumidores também são beneficiados.
“Propomos que o mercado se abra e que permita que a liga, centralizando os direitos, os coloque no mercado através de concursos feitos num sistema de leilão, que não permitam que um só operador compre todos os direitos e que os contratos não sejam feitos por prazos superiores a três anos”, disse.
Aludindo ao facto de os atuais contratos terem prazos diferentes, Mário Figueiredo referiu que a solução que tem sido aplicada noutros casos “é a fixação de vendas de pacotes de jogos em concursos abertos a vários operadores, de maneira a que o mercado funcione”.
De acordo com o estudo apresentado, e tendo como base a venda dos direitos por 142 milhões de euros por época, FC Porto, Benfica e Sporting receberiam 39,2 milhões e os restantes 13 clubes 102,8.