Ricardo Manuel Andrade Sá Pinto, o “coração de leão”, saiu hoje pela porta pequena do Sporting, depois de ter sido protagonista de grandes alegrias e grandes desilusões nos oito meses que esteve à frente do futebol leonino.
Aclamado pelos adeptos quando assumiu o comando técnico dos “leões”, a 13 de fevereiro de 2012, Sá Pinto era hoje um técnico fortemente questionado, sobretudo devido ao mau início de época 2012/2013, em que ganhou apenas dois jogos, empatou cinco e perdeu dois, o últimos dos quais na quinta-feira, com o Videoton (3-0), que acabou por levar à sua saída.
Depois de um início fulgurante, que permitiu ao Sporting chegar às meias-finais da Liga Europa, fase em que caiu diante do Athletic Bilbau, e esquecer a má campanha caseira – foi quarto classificado na Liga portuguesa -, o treinador desbaratou alguma da confiança que lhe tinha sido “entregue” pelos sócios ao perder a final da Taça de Portugal para a Académica.
A contestação ao técnico, que na quinta-feira garantiu não ser “um desistente”, cresceu no início da temporada, quando os resultados não apareceram e as opções táticas revelaram algum desnorte.
Sá Pinto, de 39 anos, até hoje treinador do clube de Alvalade, representou o Sporting como jogador em duas fases (1994-1997 e 2000-2006) e foi diretor desportivo dos “leões”. Deixou o cargo e o clube em janeiro de 2010, após uma violenta discussão com o avançado Liedson e depois de criticar o guarda-redes Rui Patrício, na sequência de uma vitória difícil frente ao Mafra (4-3).
No início da época seguinte teve a sua primeira experiência no “banco”, como adjunto de Pedro Caixinha na União de Leiria, cargo que ocupou até final da época, mesmo depois da saída do então treinador principal.
O seu regresso ao Sporting aconteceu pela mão do atual presidente Godinho Lopes para o cargo de treinador dos juniores.
Ricardo Sá Pinto nasceu a 10 de outubro de 1972 no Porto e a sua carreira profissional inicia-se na temporada de 1991/92 no então Sport Comércio e Salgueiros.
Na temporada de 1994/95 representou pela primeira vez o Sporting, garantindo rapidamente a titularidade e criando uma empatia especial com a massa associativa “leonina”, que lhe valeu a alcunha de “Ricardo Coração de Leão”.
Aguerrido, por vezes duro na forma como assumia as disputas pela bola e rápido na forma como gizava alguns dos lances atacantes dos “leões”, conquistou nesta primeira passagem por Alvalade a Taça de Portugal e a Supertaça na temporada de 1994/1995.
Cedo despertou o interesse de clubes europeus e na época de 1997/98 ruma mesmo à Real Sociedad – após a agressão ao selecionador Artur Jorge -, continuando em Espanha até 1999/2000, para regressar ao Sporting pela mão do então presidente Dias da Cunha.
A segunda “aventura” em Alvalade termina na temporada de 2005/2006, com uma expulsão no último jogo, embora tenha arrecadado então o título nacional (2001/2002), duas Supertaças (1999/2000 e 2001/02) e uma Taça de Portugal (2001/2002), seguindo-se uma nova transferência para o estrangeiro para as fileiras do Standard de Liége da Bélgica.
As qualidades exibidas no Sporting justificaram a sua chamada à seleção nacional de futebol e a sua participação no Euro96 e no Euro2000. No total, foi internacional por 45 vezes, marcando nove golos.
Estreou-se nos AA de Portugal a 07 de setembro de 1994 na Irlanda do Norte, em Belfast (qualificação para o Euro96), e, curiosamente, foi então substituído por Domingos Paciência, que viria mais tarde a substituir no comando dos “leões”.
O primeiro golo pelas “quinas” foi marcado o primeiro jogo de Portugal no Euro96, a 09 de junho, batendo então o dinamarquês Peter Schmeichel, jogador que também representou o Sporting.
Foi precisamente no âmbito da seleção nacional que protagonizou uma dos incidentes menos positivos da sua carreira, em abril de 1997.
Nas imediações dos balneários do Estádio Nacional, no Jamor, Sá Pinto terá questionado Artur Jorge sobre as razões que teriam levado o selecionador a não o incluir na lista dos convocados para um jogo com a Irlanda do Norte.
O agora ex-treinador do Sporting terá insultado e agredido Artur Jorge e os factos não terão assumido maior gravidade graças à intervenção do adjunto Rui Águas, que também terá tido envolvimento nas agressões.