O presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) congratulou-se hoje com a preocupação do presidente da Liga de clubes com os salários em atraso, reiterando a necessidade de reduzir despesas e aumentar a aposta em futebolistas nacionais.
“Obviamente que me congratulo com esta preocupação do presidente da Liga, mas entendo que, independentemente dessa expectativa com a centralização dos direitos televisivos, possamos desde já introduzir uma cultura de responsabilidade junto dos dirigentes, reduzindo as despesas e apostando nos jogadores nacionais. Acho que é uma obrigação, um dever de cidadania, os nossos dirigentes apostarem nos jogadores portugueses”, afirmou Joaquim Evangelista, à agência Lusa.
O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Mário Figueiredo, disse hoje, em declarações ao jornal Correio da Manha, que “quando a Liga centralizar os direitos televisivos, os clubes vão deixar de ter dívidas ao Fisco e não irá haver mais ordenados em atraso no futebol profissional”.
“Assim que a Liga ficar com os direitos de TV, sempre que haja verbas em atraso a pagar aos futebolistas ou impostos, a Liga salda as dívidas antes de dar o dinheiro aos clubes e acaba com dois problemas que não pareciam ter solução”, referiu Mário Figueiredo.
Joaquim Evangelista disse compreender que a “centralização dos direitos televisivos seja uma prioridade para o presidente da LPFP”, recordando a necessidade de “viver com o que se tem”.
“Temos de ter a consciência de que temos de resolver os problemas com o que está ao nosso alcance. Todas as soluções que incrementem as receitas – a centralização, a regulamentação das apostas desportivas ‘online’ e as mais-valias geradas na formação – são benéficas para o futebol português. Agora, eu acho importante que os presidentes da Federação, da Liga e do sindicato encarem o momento atual com sentido de responsabilidade e realismo”, referiu Evangelista.
O presidente do SJPF apela por isso a que, em relação aos salários em atraso, os clubes adequem as despesas às receitas, para “salvaguardarem a sustentabilidade e desenvolvimento do futebol português”.
“É preciso introduzir uma cultura de disciplina financeira que não existe. É preciso que as regras de licenciamento e fiscalização sejam efetivas. Eventualmente é necessário reduzir a massa salarial, eu já o disse, assumo e entendo que numa situação de crise haja essa redução, mas se garanta o cumprimento dos contratos. Pague-se menos, mas pague-se”, vincou.
O sindicalista estabeleceu ainda um paralelismo com a “situação política diária” e sobre a ambição de “voltar aos mercados”.
“O objetivo é ir aos mercados, mas será que vale prosseguir esse objetivo se entretanto estivéramos mortos? E a questão que eu transponho para o futebol é exatamente a mesma, quando se colocar a questão da centralização já ruiu o futebol em Portugal”, concluiu.
Na última semana, a LPFP apresentou uma denúncia à Autoridade da Concorrência, denunciando a alegada violação das regras de concorrência no mercado dos direitos audiovisuais relativos da I Liga e II Liga, tendo em conta os direitos de transmissão na televisão dos referidos jogos de futebol, considerando que um operador conseguiu criar uma posição dominante (um monopsónio – monopólio na aquisição dos direitos).