Dos seniores aos benjamins, ninguém jogou este fim-de-semana na Associação de Futebol de Lisboa (AFL). Em causa, estará o desacordo dos clubes e responsáveis institucionais desse distrito em relação à entrada em vigor do Decreto-Lei nº 216/2012, que acabou de forma imediata com a obrigatoriedade do policiamento nos jogos de futebol.
José Loureiro, responsável pelo Departamento de Futebol da AFL, garantiu ao Futebol 365 que a decisão irá manter-se enquanto a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) não esclarecer o que quis dizer com o termo «suspensão por tempo indeterminado», presente no comunicado em que anunciou a entrada em vigor da nova lei.
«Tivemos uma reunião com cerca de cem clubes, que deram carta-branca à direção da AFL para assumir uma posição. Teremos reunião de direção amanhã e hoje enviámos um pedido de esclarecimento à FPF», começou por referir José Loureiro, que compreende a intenção do Decreto-Lei, mas não a forma precipitada como o mesmo está a ser aplicado.
«Se ler o comunicado que a FPF escreveu, nota-se que foi feito à pressa. As outras associações do país estão a assumir o risco de não terem policiamento. Nós percebemos que está em causa uma situação económica, importante em tempos de crise, mas não gostamos de regras mudadas a meio do jogo. Deve estar salvaguardada a segurança e a verdade desportiva. Nesta altura, estamos apenas a dar a cara de forma organizada pelos clubes que representamos», acrescentou.
Convidado a comentar o jogo bem sucedido sem policiamento entre o Vitória de Guimarães e o Nacional da Madeira, José Loureiro salientou que a realidade do Estádio D. Afonso Henriques não pode nunca ser comparada com nenhum complexo desportivo distrital. «As condições são diferentes, estamos a falar de um campo aprovado pela UEFA com estruturas de segurança incomparáveis. Todos conhecem as pressões existentes nos campeonatos distritais sobre árbitros e equipas participantes», finalizou.
Federação Portuguesa de Futebol garante que busca satisfazer os interesses de todos os envolvidos:
O Futebol 365 foi em busca do contraditório e contactou a Federação Portuguesa de Futebol para dar a sua versão sobre o assunto. Num breve comunicado, a direção de comunicação da instituição esclareceu o seguinte.
«A FPF realizou ao longo das últimas duas semanas um conjunto de reuniões com as Associações de Futebol Distritais, que tiveram lugar em Lisboa, Leiria e Braga, com o intuito de cobrir Sul, Centro e Norte do país. Nessas reuniões foram feitos os devidos esclarecimentos sobre a alteração da lei, tendo o feedback da maioria das associações sido muito positivo», começou por referir a nota, salientando depois a ideia de que o interesse de todos os envolvidos parece estar a ser procurado.
«Tendo em conta a preocupação manifestada por um reduzido número de associações, a FPF procurou junto do MAI garantir condições para que a transição seja feita de forma alongada, dando a todas as associações o tempo necessário para se adaptarem à nova realidade, já em vigor. Realidade essa que lhes permitirá reduzir os custos inerentes à organização dos jogos, dado que não haverá obrigatoriedade de policiamento nos jogos e, quando requerida, mediante provimento do MAI ao processo, a presença de forças policiais será assumida pelo próprio MAI e não pelos clubes. Frisando, no entanto, que o facto de não ser obrigatória a requisição do policiamento, não exclui o clube visitado de uma série de obrigações para proteção da equipa de arbitragem e do clube visitante, garantindo assim a segurança no interior do recinto», escreveu, concluindo com mais uma ressalva.
«Acrescentamos que esta lei do policiamento não pode ser dissociada da Lei 39/2009 sobre a Violência, que define o que são à partida jogos de risco elevado e, nestes casos, podem as Forças de Segurança decidir que o mesmo obriga a policiamento, sendo este da responsabilidade do MAI».